
A Câmara de Lisboa discute hoje a atribuição do nome Papa Francisco ao Parque Tejo, proposta da liderança PSD/CDS-PP, que se prevê seja aprovada com apoio do PS, e que teve o parecer favorável da Comissão Municipal de Toponímia.
Também a Junta de Freguesia do Parque das Nações, onde se localiza o Parque Tejo, na parte de Lisboa, uma vez que o parque se estende ao concelho vizinho de Loures, "emitiu parecer favorável" à atribuição do topónimo Parque Papa Francisco, de acordo com a proposta subscrita pelo presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), e o vereador com o pelouro da Toponímia, Diogo Moura (CDS-PP).
A posição da Comissão Municipal de Toponímia foi tomada na terça-feira, um dia após a morte do Papa Francisco e na sequência do anúncio da proposta por parte de Carlos Moedas, tendo este órgão consultivo da câmara se pronunciado "a favor" da alteração do nome do Parque Tejo, relativamente à área que compete à cidade de Lisboa.
A Câmara de Loures, presidida por Ricardo Leão (PS), prevê formalizar o topónimo Parque Papa Francisco na reunião ordinária de 30 de abril, indicou à Lusa fonte do município.
Na terça-feira, a agência Lusa questionou o gabinete do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que governa sem maioria absoluta, sobre quando seria discutida a proposta, mas a resposta foi de que ainda não estava agendada. No entanto, na manhã de hoje, a mesma fonte indicou que o documento vai ser levado à reunião pública de câmara desta quarta-feira, a partir das 15:00, como extra-agenda.
Na sequência da morte do Papa Francisco, na segunda-feira, aos 88 anos, o presidente da Câmara de Lisboa, nesse mesmo dia à noite, à margem de uma missa de homenagem ao líder da Igreja Católica, disse que iria propor ao executivo camarário a alteração do nome do Parque Tejo para Parque Papa Francisco.
Localizado em terrenos dos concelhos de Lisboa e de Loures, num total de cerca de 100 hectares, o Parque Tejo nasceu após a transformação de uma lixeira, o aterro sanitário de Beirolas, num parque verde.
O Parque Tejo foi um dos palcos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em agosto de 2023, que contou com a presença do Papa Francisco e juntou cerca de 1,5 milhões de pessoas.
Reagindo à proposta de PSD/CDS-PP, a vereação do PS em Lisboa disse que "não poderia deixar de concordar com uma justa homenagem ao Papa que visitou Portugal duas vezes, que em Lisboa foi o anfitrião da JMJ", mas ressalvou que preferia que houvesse uma intervenção significativa na zona, "para não batizar com o seu nome um descampado".
Também com a preocupação sobre o estado do parque verde, o PCP adiantou que não se opõe à atribuição do nome do Papa Francisco ao Parque Tejo, enquanto o Livre acusou Carlos Moedas de tratar "com descaso um assunto que é sério", e os Cidadãos Por Lisboa e o BE reservaram uma posição para depois da divulgação da proposta.
A proposta da liderança PSD/CDS-PP destaca a presença do Papa Francisco, em agosto de 2023, na JMJ em Lisboa, a primeira na história da capital portuguesa, em que "deixou uma mensagem especialmente marcante, transmitindo que na Igreja ninguém está a mais, há espaço para todos, 'Todos, Todos, Todos!', tendo como um dos momentos altos a vigília, no dia 5 de agosto, para cerca de um milhão e meio de pessoas, numa área da cidade regenerada e revitalizada, que agora se propõe que seja oficialmente designada Parque Papa Francisco".
"Lisboa não irá esquecer um encontro tão mobilizador, agregador de povos e gerações provenientes do mundo inteiro, com intervenções proferidas pelo Santo Padre no Parque Eduardo VII e no Parque das Nações, mensagens plenas de significado em prol da alegria, da compreensão, da inclusão, da generosidade, da entrega ao outro", lê-se na proposta, que destaca ainda a forma como o Papa Francisco escolheu visitar um dos bairros de Lisboa, o Bairro da Serafina, "mostrando mais uma vez o sentido do seu pontificado".
Reforçando que a capital portuguesa viveu momentos excecionais durante a JMJ e "engrandeceu-se com a energia vibrante e tocante de uma personalidade de dimensão universal", a proposta de PSD/CDS-PP afirma que Francisco é merecedor de uma homenagem municipal "de caráter excecional, como forma da cidade de Lisboa fixar na sua identidade e memória o Papa da esperança".
Nascido em Buenos Aires, o Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, de AVC, após 12 anos de pontificado, tendo a sua última aparição pública ocorrido no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.
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