
A China advertiu esta segunda-feira que vai tomar "todas as medidas necessárias" para defender os seus interesses, em resposta às taxas alfandegárias que os Estados Unidos planeiam implementar a partir de terça-feira. Em causa está a ameaça feita pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na semana passada, de impor uma taxa extra de 10%, além dos 10% aplicados recentemente.
O presidente norte-americano alega os esforços insuficientes de Pequim para travar o tráfico de fentanil, mas a China rejeita estas acusações e defende que mantém "uma das políticas de controlo de drogas mais rigorosas do mundo".
O Governo chinês não detalhou como vai retaliar a esse novo anúncio de mais taxas, mas um jornal oficial afirmou que Pequim pode tomar contramedidas contra produtos agrícolas e alimentares dos EUA. "A China opõe-se firmemente à decisão dos Estados Unidos de impor mais taxas sob o pretexto de alegadas ameaças à sua segurança", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa.
"Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os nossos interesses legítimos", acrescentou. O porta-voz acusou Washington de "politizar questões económicas e comerciais", disse que "numa guerra comercial não há vencedores" e que “as ações dos EUA minam a cooperação económica normal e prejudicam a sua própria economia e credibilidade internacional".
Pequim também avisou que "tentar desacreditar e confrontar a China não trará qualquer benefício para as relações bilaterais" e instou os EUA a regressar ao "caminho correto do diálogo e da cooperação com base no respeito mútuo".
"Uma mentira, por mais vezes que seja repetida, nunca se tornará verdade", concluiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Sobre a Ucrânia
A China também reafirmou a sua posição sobre a guerra na Ucrânia e evitou comentar o tenso encontro entre o Donald Trump, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, na sexta-feira. “A China vai continuar a desempenhar um papel construtivo na procura de uma solução política para a crise na Ucrânia”, afirmou Lin Jian.
Quando questionado novamente sobre a reunião em Washington, o porta-voz reiterou a mesma resposta e acrescentou que a China "não é nem o criador da crise na Ucrânia nem parte envolvida no conflito".
Pequim apoia "todos os esforços que visam uma resolução pacífica" e espera que as partes em conflito encontrem "uma solução sustentável e duradoura que responda às suas respetivas preocupações", realçou.
Desde o início da guerra na Ucrânia, a China manteve uma posição ambígua em relação ao conflito, apelando ao respeito pela "integridade territorial de todos os países", incluindo a Ucrânia, e à atenção pelas "preocupações legítimas de todos os países", numa referência à Rússia.
Pequim opôs-se a sanções unilaterais contra Moscovo e apelou ao "desanuviamento e a uma solução política". No entanto, o Ocidente acusou a China de apoiar a campanha militar da Rússia, algo que o país asiático sempre negou.
A China tem enviado representantes diplomáticos para a região e apresentado iniciativas de paz, como o plano que elaborou com o Brasil, no ano passado, que não incluía a retirada das tropas russas e foi rejeitado por Kiev.