O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu hoje aos partidos políticos que ajam "com ética e responsabilidade" e promovam o diálogo nas vésperas da campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.

Falando na abertura da 211.ª Assembleia Plenária da CEP, José Ornelas declarou ter chegado a hora de "os partidos políticos assumirem, de forma honesta, clara e inequívoca, que é urgente restabelecer a confiança dos cidadãos nas instituições, agir com ética e responsabilidade e promover um diálogo construtivo entre os diferentes agentes políticos e as forças vivas da sociedade".

Acrescentou ser "fundamental que o debate pré-eleitoral se concentre sobre as questões reais que interessam ao país, servindo para esclarecer os eleitores e motivar à participação democrática nas votações em perspetiva" e pediu que "nenhum cidadão deixe de votar nos atos eleitorais que se aproximam".

O bispo de Leiria-Fátima adiantou que o "período de significativa incerteza e instabilidade política" vivido em Portugal "vem agravar a difícil situação de vida de muitos portugueses e portuguesas, bem como daqueles que procuram o nosso país em busca de melhores condições de vida".

A situação internacional foi igualmente abordada por José Ornelas, que referiu a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, adiantando que "as tensões económicas e geopolíticas que se fazem sentir exigem da comunidade internacional um diálogo e uma diplomacia que tenham presente a urgência da paz, a salvaguarda dos direitos humanos e o respeito pela dignidade de todos os povos".

Declarou ser "muito preocupante" constatar que mesmo grandes potências "com um passado notável de sólidos fundamentos" em termos de democracia e respeito pelos direitos humanos "se afastam rapidamente desse legado" e seguem "retóricas populistas, demagógicas e ameaçadoras".

Isto está a "desfazer consensos básicos da convivência internacional, agravando ulteriormente a situação das nações com maiores dificuldades e adensando as possibilidades de ulteriores e mais destrutivos conflitos armados".

"Mais do que nunca, é urgente um esforço renovado da diplomacia e do empenhamento de todas as pessoas de boa vontade deste planeta, na busca de um caminho a percorrer juntos, lutando por um mundo mais justo e fraterno, sem nunca ceder à injustiça e ao autoritarismo dos mais poderosos".

José Ornelas disse ainda que a CEP continua comprometida com o processo de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, recordando que "o prazo para apresentação de pedidos de compensação financeira por parte das pessoas que declarem ter sido vítimas de violência sexual, quando crianças ou adultos vulneráveis, no contexto da Igreja Católica em Portugal, terminou a 31 de março, com 77 pessoas a manifestar essa vontade".

Acrescentou que as Comissões de Instrução estão a ouvir todas aquelas pessoas e que se estima que "até ao final de setembro" estarão concluídos os pareceres a ser entregues à Comissão de Fixação da Compensação.

"Tal como previsto inicialmente, será criado um fundo da Conferência Episcopal Portuguesa para atribuir o montante da compensação a cada uma das pessoas vítimas e que contará com o contributo solidário de todas as Dioceses e Institutos de Vida Consagrada. Estes são temas aos quais vamos dar seguimento durante esta Assembleia, com o objetivo de concluir este processo até ao final do ano".

No discurso não falhou a lembrança do Papa Francisco, que morreu no passado dia 21 aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).

O presidente da CEP contou que, no Santuário de Fátima, Francisco "lembrou que a Igreja deve ser como a Capelinha das Aparições, sem portas para poder estar disponível para acolher todos", adiantando que os bispos celebram hoje às 18:30 uma missa em memória do antigo Papa Francisco na Basílica da Santíssima Trindade.