O presidente da Câmara Municipal de Santana, Dinarte Fernandes, aproveitou o discurso do Dia do Concelho para lançar um forte apelo ao Governo Regional da Madeira mas também para tecer críticas ao executivo de Miguel Albuquerque: “Santana dá mais à Região do que realmente recebe”. A afirmação surge no contexto do turismo, num momento em que a cobrança da taxa turística revela que o concelho tem um peso determinante na oferta natural da Madeira, com quatro dos sete percursos pagos localizados neste território.

Dinarte Fernandes foi mais longe e questionou a justiça na distribuição de receitas, apontando que, apesar da afluência de visitantes e da exploração de recursos naturais como o Parque Florestal das Queimadas, Santana não tem visto esse retorno reflectido nos investimentos regionais. “O Governo arrecada receita de cinco fontes diferentes naquele espaço e, ainda assim, não aceitou a proposta da Câmara para a criação de um parque de estacionamento fora da zona protegida, insistindo numa solução ambientalmente lesiva para o coração da Laurissilva”, criticou.

O autarca fez questão de realçar a diferença de tratamento entre concelhos, referindo que, no Rabaçal, é o município da Calheta que explora o transporte turístico e arrecada a receita, mesmo tratando-se de uma estrada sob jurisdição regional. Já em Santana, apesar da estrada de acesso às Queimadas ser municipal, o Governo quer impor a sua solução. “A câmara defenderá aquilo que é seu”, garantiu Dinarte Fernandes, deixando contudo a porta aberta ao diálogo, desde que salvaguarde os interesses do concelho.

Durante a sua intervenção, o presidente destacou ainda a aposta da autarquia na educação, na juventude, no desporto e no apoio às famílias, nomeadamente através do maior subsídio à natalidade do país, do pagamento integral da creche e refeições escolares, bem como da devolução fiscal, que em dez anos representou uma renúncia superior a 4,5 milhões de euros. “A nossa política de apoio às famílias é uma política de investimento”, reforçou.

Com presença do secretário regional da Economia, o centrista José Manuel Rodrigues, Fernandes evidenciou ainda o papel de Santana na agricultura regional e lembrou os desafios das alterações climáticas e da escassez de água, pedindo mais atenção e investimento do Governo na manutenção dos canais e em novas infraestruturas de captação e armazenamento.

A sessão solene ficou igualmente marcada pela homenagem a figuras emblemáticas do concelho, entre presidentes de junta, funcionários municipais e cidadãos que se distinguiram nas áreas da cultura, associativismo e proteção civil.

O autarca concluiu a sua intervenção defendendo a continuidade da visão estratégica implementada ao longo dos últimos doze anos e anunciou novos investimentos em habitação, mobilidade, urbanismo e turismo. “Santana não quer prémios de simpatia. Quer ser respeitada pelas suas contribuições para a Madeira”, vincou.