
Numa altura em que os dados não são nada animadores para o Bloco de Esquerda, o candidato do BE, Diogo Teixeira, reagiu com preocupação e tristeza aos resultados das eleições legislativas nacionais, que confirmam um crescimento expressivo do Chega, colocando-o como segunda força política a nível nacional. “Esta vai ser uma daquelas noites longas, como já conhecemos nas regionais na Madeira. Só saberemos o número final de deputados no fim da contagem, mas há algo que já sabemos: o país está a caminhar para um abismo”, afirmou.
Para o dirigente bloquista, os números agora conhecidos representam um sinal alarmante de retrocesso democrático. “É muito assustador, 50 anos depois das primeiras eleições livres, ver que há tanta gente disposta a votar em quem quer voltar ao tempo em que as mulheres não podiam votar, os homens eram burros de carga e as minorias silenciadas”, disse, sublinhando que “não foi o centro nem a direita que fizeram o 25 de Abril, e não será nenhum deles a combater o fascismo que quer regressar a Portugal”.
Teixeira criticou o discurso do Chega, acusando o partido de “alimentar o ódio e o medo, em vez de apresentar ideias e propostas concretas para os problemas do país”. Sublinhou ainda que “a extrema-direita não resolve a falta de habitação, não acaba com as listas de espera na saúde e não traz dignidade ao povo. Traz apenas divisão, preconceito e ataques à democracia”.
Apesar de uma campanha que considerou positiva, o candidato do Bloco lamenta que o crescimento do partido a nível regional possa ser ensombrado pela eleição de mais um deputado do Chega pela Madeira. “Não faz justiça ao povo madeirense. Há tanta gente capaz de representar melhor a nossa Região do que um representante de um partido fascista”, afirmou.
O jovem bloquista responsabilizou também a “desinformação generalizada e a degradação do debate público” pelo avanço da extrema-direita. “Há cada vez mais discurso fácil, cada vez mais ódio e menos propostas. E isso é terreno fértil para o populismo”, disse, acrescentando que “quando os partidos oferecem respostas fáceis para problemas complexos, como faz o Chega, só pode resultar em demagogia”.
O candidato foi mais longe ao comparar o momento atual com episódios históricos de autoritarismo. “O que se passa hoje em Portugal faz lembrar os piores tempos do salazarismo. E se olharmos para os Estados Unidos ou a Alemanha com espanto, temos agora de nos olhar ao espelho. O perigo está aqui”.
Terminou o discurso na noite eleitoral reforçando que o combate à extrema-direita não é uma disputa entre esquerda e direita, mas uma batalha em defesa dos direitos humanos e da democracia. “Contra o ódio, não há diálogo possível. Contra o fascismo, a única resposta é a luta. E essa será sempre feita pela esquerda”.