O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) alertou esta quarta-feira no parlamento que um estrangeiro detido "não é necessariamente um imigrante", exemplificando com os detidos nos aeroportos por tráfico de droga a nível internacional.

"Um imigrante é estrangeiro, mas um estrangeiro não é necessariamente um imigrante. As cadeias têm muita gente que é estrangeira, mas não é imigrante", disse Luís Neves, que está a ser ouvido no Parlamento a propósito dos dados sobre criminalidade em Portugal.

Em audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, por requerimento da Iniciativa Liberal, que pediu "esclarecimentos sobre o real estado da criminalidade em Portugal", Luís Neves disse também que a PJ tem dados sobre a nacionalidade de todos os detidos, mas a sua divulgação não é permitida.

"A PJ conhece a nacionalidade de todos os nossos detidos, mas não partilhamos orque não nos tem sido permitido partilhar", explicou Luís Neves a propósito da questão da introdução da nacionalidade no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que tem sido discutida nos últimos tempos.

Luís Neves destacou ainda os crimes de homicídio e de violência doméstica, que representam uma elevada percentagem do total de crimes cometidos.

“Há 30 anos nós tínhamos 427 homicídios por ano. Não são dados meus, são dados que aqui estão. Têm vindo a ser esbatidos (...) temos de facto um aumento de cerca de 20 homicídios de 23 para 24. Eu gostaria de enfatizar (...) que nós continuamos, infelizmente, com muitos homicídios e com muitos crimes de violência doméstica no país. Isto é uma vergonha para todos enquanto sociedade e crimes esses que em 90% são cometidos por cidadãos nacionais.

Na sua intervenção inicial, Luís Neves falou sobre alguns dos números relacionados com criminalidade violenta, referindo que "a partir de 2010 houve grandes picos de criminalidade violenta, que foram depois estabilizando até ao período da pandemia".

Com LUSA