Fontes oficiais egípcias confirmaram o número de camiões desta nova coluna humanitária, que se soma a todas as que entraram a partir do Egito no enclave palestiniano desde domingo, 19 de janeiro, dia em que entrou em vigor o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas e entrou a primeira coluna, batizada como 'Tahya Masr' ('Viva o Egito', em árabe).

Mohammed Goda, um dos camionistas que aguardam a sua vez de descarregar a mercadoria, descreveu parte da rotina que seguem na recolha e entrega da carga que transportam até ao cruzamento de Kerem Shalom, em território israelita, onde outros vão carregar a mercadoria para a levar para a Faixa de Gaza.

"Trouxemos o primeiro [lote] que chegou ontem (segunda-feira), e a outra parte virá no domingo, descarregamos o que temos aqui entre hoje e amanhã (quarta-feira), e regressamos ao Cairo para recolher a outra parte", explicou Goda, enquanto esperava a sua vez de seguir viagem.

Segundo o camionista, que transportava farinha, "o que faz mais falta lá é comida e água, não há lá nada, [as pessoas] estão a sofrer, precisam da farinha para fazer pão, estão também a ser enviados alimentos enlatados".

O acordo de cessar-fogo estipulou a entrada diária de 600 camiões de ajuda humanitária em Gaza, embora habitualmente sejam entre 300 e 350 os camiões que conseguem descarregar as mercadorias nos pontos de passagem de Al Auya e Kerem Shalom, controlados por Israel.

De acordo com as autoridades egípcias, durante o dia de hoje o número de camiões que entraram ultrapassou em poucas dezenas a média diária, que quase nunca vai além de metade dos camiões indicados no documento.

Os controlos das autoridades israelitas abrandam o fluxo de veículos e impedem os condutores egípcios de entrar no enclave palestiniano, obrigando-os a deixar a sua carga nos postos de Al Auya e Kerem Shalom, onde é recolhida por organizações humanitárias e transportada para a Faixa de Gaza, após inspeção.

"Se nos deixassem, entraríamos em Gaza para entregar a ajuda, mas, claro, isso não é permitido aos egípcios, devido às medidas de segurança. Depois do bombardeamento da passagem de Rafah, tomámos outra rota, que é Al Auya e Kerem Shalom", disse Rogi Abdullah, um motorista com cerca de 30 anos.

No mesmo dia em que começou a trégua, as autoridades egípcias anunciaram a intenção de reabrir a passagem de Rafah "em poucos dias", assim que as obras de reconstrução, tanto do lado egípcio como do lado palestiniano, estivessem concluídas.

ANC // PDF

Lusa/Fim