
As tensões entre as duas potências nucleares, rivais desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947, agravaram-se desde 22 de abril, quando homens armados mataram 26 pessoas no lado indiano de Caxemira.
Os dois exércitos trocaram tiros de artilharia ao longo da fronteira disputada na região de Caxemira, algumas horas depois da ofensiva aérea indiana contra território paquistanês, em retaliação pelo ataque mortal de 22 de abril em Pahalgam.
A escalada de tensões transformou-se num confronto militar esta madrugada, levando Pequim e Londres a oferecerem mediação, enquanto ONU, Moscovo, Washington e Paris pediram moderação.
- Quais são os últimos desenvolvimentos?
A Índia disparou mísseis contra seis cidades na Caxemira paquistanesa e no Punjab esta madrugada, de acordo com o exército paquistanês.
Nova Deli afirmou ter "atingido a infraestrutura terrorista no Paquistão (...) a partir da qual foram organizados e direcionados os ataques terroristas contra a Índia".
Pelo menos 26 civis morreram e 46 ficaram feridos nos ataques e na subsequente troca de tiros entre os dois exércitos na região da Caxemira, de acordo com o porta-voz do exército paquistanês, tenente-general Ahmed Chaudhry.
O Paquistão disse que "se reserva o direito absoluto de responder decisivamente a este ataque indiano não provocado", ao mesmo tempo que informou que os ataques indianos danificaram uma das barragens de geração de eletricidade no lado paquistanês de Caxemira.
"Uma resposta resoluta já está em curso", garantiu o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif.
O exército indiano alegou que o fogo de artilharia paquistanesa tinha como alvo a parte de Caxemira administrada por Nova Deli.
Pelo menos oito pessoas foram mortas na aldeia indiana de Poonch (noroeste) durante o tiroteio entre os dois exércitos, disse uma autoridade local à agência de notícias France-Press (AFP). Um total de 29 pessoas ficaram feridas, acrescentou Azhar Majid.
- Onde e quando começou a escalada?
A 22 de abril, num ataque no lado indiano de Caxemira, homens armados mataram a tiro 26 pessoas, na maioria homens hindus, no local turístico de Pahalgam, provocando um choque nacional na Índia.
Embora o ataque não tenha sido reivindicado, a polícia indiana disse procurar pelo menos dois cidadãos paquistaneses por acreditar que estão ligados ao movimento extremista Lashkar-e-Taiba (LeT), sediado no Paquistão, já suspeito dos ataques de 2008 em Bombaim, nos quais morreram 166 pessoas.
Desde então, os dois vizinhos continuaram a afirmar o direito à defesa e adotaram uma série de sanções, com a suspensão de um tratado sobre a partilha das águas do Indo, o encerramento do principal posto fronteiriço terrestre e a expulsão de diplomatas.
- O que está a acontecer em Caxemira?
A montanhosa Caxemira tem estado no centro das tensões desde a divisão da Índia e do Paquistão após a independência do Reino Unido, em 1947.
De seguida, a província de maioria muçulmana com um líder hindu hesitou entre juntar-se à Índia de maioria hindu ou ao Paquistão de maioria muçulmana, levando, em 1949, à primeira guerra entre os dois vizinhos. Outros conflitos ocorreram em 1965 e 1999.
O Paquistão e a Índia controlam partes de Caxemira, mas reivindicam todo o território e mantêm tropas estacionadas para monitorizar a Linha de Controlo, que separa as regiões.
A Índia acusa o vizinho de financiar e treinar rebeldes que exigem a independência ou a anexação da Caxemira Indiana ao Paquistão desde 1989. Islamabade nega e afirma apoiar a luta pela autodeterminação e denunciar violações dos direitos humanos na região.
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