
Depois de, esta quarta-feira, um avião Airbus A320 da companhia aérea portuguesa ter aterrado de emergência no Porto com duas pessoas a terem de ser assistidas, a SIC teve acesso a um documento que a TAP distribuiu aos tripulantes sobre os eventos de ‘fumes’.
Este é o mais recente caso depois de, nas últimas duas semanas, terem sido registadas pelo menos cinco ocorrências do mesmo género a bordo de aviões da TAP. De notar, no entanto, que o problema acontece em alguns modelos da Airbus e, por isso, não é exclusivo à companhia aérea portuguesa.
Neste documento enviado aos tripulantes, a TAP explica que estes eventos de ‘fumes’ já foram reportados por 150 companhias aéreas, com uma média de entre um e oito eventos a cada 10 mil voos, num estudo realizado entre as companhias de aviação norte-americanas.
Acrescenta que a maioria dos odores identificados a bordo “não estão necessariamente associados a substâncias que provoquem o aparecimento de reações fisiológicas”, mas garante que estes eventos são monitorizados de forma “contínua e detalhada”.
“Esta monitorização passou também a incluir a instalação de equipamento certificado para avaliação da qualidade do ar nos aviões”, lê-se no documento a que a SIC teve acesso.
Instalado equipamento de deteção de odores
A TAP informa ainda que adotou várias medidas de mitigação nos modelos A230 e A330 e que foi instalado um equipamento de deteção de odores “associados a elementos que possam ser tóxicos”.
“Este equipamento operou em 4 voos, não sendo detetada a presença de qualquer um desses elementos, incluindo no voo em que foram reportados odores. Esta prática será continuada em outras matrículas de forma a recolher o máximo de informação possível.”
A companhia aérea portuguesa diz ainda que este tipo de eventos tem, habitualmente, uma duração limitada e cinge-se à perceção de “um cheiro pouco habitual em determinado momento no voo”, que pode ser mais comum na descolagem ou aterragem.
Eventos de ‘fumes’ podem provocar sintomas
Podem, no entanto, provocar alguns sintomas, como irritação nos olhos, nariz, boca ou garganta; sensação de falta de ar, dor de cabeça, náuseas, desconforto abdominal, palpitações, tonturas, desequilíbrio, alterações da sensibilidade, visão turva, dificuldade de concentração, mal-estar e/ou cansaço.
São, geralmente, sintomas de curta duração, mas pode haver casos - raros, sublinha a companhia aérea - de ocorrência de sintomas “agudos graves e exposição intensa e prolongada”, como dificuldade respiratória, cianose, arritmia ou confusão mental.
“O risco para a saúde a longo prazo é uma questão que continua em estudo, exigindo o controlo de múltiplos fatores e avaliações complexas por equipas multidisciplinares. Diversos estudos e investigações ao longo dos anos têm-se dedicado a este assunto, não evidenciando até ao momento relação com risco a longo prazo para a saúde das pessoas expostas”, informa a TAP.
Na informação partilhada com os tripulantes, a TAP garante estar “muito atenta” a estes episódios, ainda que sejam residuais. O documento é assinado pelo diretor geral de Manutenção e Engenharia e pela diretora clínica da Cuidados Integrados de Saúde da TAP.