Nigel Farage, o populista de direita que há anos agita a política britânica, defendeu esta terça-feira a deportação de até 600 mil imigrantes indocumentados do Reino Unido, caso o seu partido, o Reform U.K., vença as eleições legislativas previstas para 2029.

A posição marca uma inversão face ao que o próprio afirmara há apenas um ano, quando considerava “politicamente impossível” a expulsão de centenas de milhares de estrangeiros em situação irregular, como recorda o jornal norte-americano “The New York Times"

O plano foi imediatamente criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, que alertam para o risco de requerentes de asilo serem enviados de volta para países como o Afeganistão ou o Irão, onde poderiam enfrentar perseguição, tortura ou mesmo a morte.

Farage, que disse que retiraria o Reino Unido da Convenção Europeia dos Direitos Humanos (ECHR, na sigla em inglês), desvalorizou as preocupações apresentadas por várias ONGs: “Não podemos ser responsáveis por todos os pecados que acontecem no mundo”, afirmou, acrescentando que as objeções ao seu projeto são sobretudo de natureza prática e não moral.

O atual primeiro-ministro, o trabalhista Keir Starmer, também tem reforçado a retórica contra a imigração ilegal, divulgando regularmente nas redes sociais medidas do Governo para travar as chegadas. Entre elas está um novo acordo que prevê a devolução a França de alguns requerentes de asilo que atravessem o Canal da Mancha em embarcações frágeis. Deverá ser posto em prática dentro de semanas.