
A França vai efetuar "nos próximos dias lançamentos aéreos" de ajuda em Gaza para "responder às necessidades mais essenciais e urgentes da população civil", indicou uma fonte diplomática francesa.
"Serão tomadas todas as precauções para garantir a segurança das populações durante estas operações", precisou a mesma fonte à agência de notícias France- Presse .
Devido à intensificação dos combates, ao deslocamento das populações e às restrições à ajuda humanitária, a principal autoridade internacional em crises alimentares, a Classificação Integrada de Fases (IPC) de segurança alimentar - um sistema de monitorização usado por agências humanitárias internacionais para determinar o nível de fome num país ou região - descreveu já que "o pior cenário de fome está em curso em Gaza".
Paris está igualmente a ponderar o envio de mantimentos e ajuda humanitária por via terrestre, de modo a conseguir fazer chegar bens de forma mais rápida e em maior quantidade a Gaza, indicou a mesma fonte.
"Estas operações aéreas não têm como objetivo substituir um aumento significativo dos volumes de ajuda, que exige uma abertura imediata por parte de Israel dos pontos de passagem terrestres", acrescentou uma fonte diplomática citada pelo canal francês BFMTV.
A França voltou a pedir um cessar-fogo e a abertura dos pontos de passagem para permitir o encaminhamento adequado da ajuda humanitária para os cerca de 2,4 milhões de palestinianos cercados em Gaza desde o início da guerra.
Mais de 120 pessoas já morreram por forme
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns.
A retaliação de Israel, que também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária (alimentos, água potável, combustível e medicamentos), já causou mais de 60 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Os balanços fornecidos pelas autoridades locais apontam que mais de 120 pessoas morreram por fome ou desnutrição desde o início da ofensiva israelita no enclave palestiniano. No domingo, a ONU alertou para "níveis alarmantes" de desnutrição. Israel autorizou desde então lançamentos de ajuda sobre a Faixa de Gaza, tendo declarado uma pausa nos combates para fins humanitários em certas zonas.
Na segunda-feira, o chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciou que o país vai organizar com a Jordânia uma "ponte aérea de bens humanitários para Gaza", acrescentando que França e Reino Unido estão disponíveis para se juntar a esta iniciativa. Já o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a criação iminente de centros de distribuição de alimentos em Gaza, devastada pela guerra, onde, já existem sinais de uma "fome real".
Na quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que, em setembro, a França vai reconhecer formalmente o Estado da Palestina, na Assembleia-geral da ONU, em Nova Iorque, de acordo com uma carta enviada ao presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. Um reconhecimento que o Reino Unido decidiu, esta terça-feira, acompanhar.