
Pelo menos 20 pessoas morreram num dos postos de distribuição de alimentos da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) - em português Fundação Humanitária de Gaza - enquanto procuravam ajuda. 19 pessoas terão sido "espezinhadas" e uma "esfaqueada" no meio de uma "debandada caótica e perigosa".
“Segundo o que sabemos, 19 das vítimas foram espezinhadas e uma foi esfaqueada no meio de uma debandada caótica e perigosa, criada por manifestantes na multidão" , afirmou a associação que acrescenta que a debandada foi "incentivada" por pessoas da multidão que seriam "filiadas ao grupo islamita palestiniano Hamas".
A associação norte-americana, apoiada por Israel, começou a operar em maio de 2025. É criticada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por organizações internacionais pela sua falta de imparcialidade e pelos episódios de violência relatados perto dos seus pontos de distribuição de ajuda humanitária.
De acordo com uma reportagem publicada pelo The New York Times em maio deste ano, os defensores deste projeto defendem-no como uma iniciativa independente e neutra. Foi inicialmente concebido por figuras ligadas a Israel, tendo a primeira versão do projeto surgido de oficiais israelitas no final de 2023.
Um dos objetivos do projeto era afastar as Nações Unidas da distribuição de alimentos
O objetivo era impedir que o Hamas controlasse a Faixa de Gaza e que os alimentos caíssem nas mãos de militantes. Ao mesmo tempo, pretendiam também afastar as Nações Unidas da distribuição, visto que os israelitas os acusam de parcialidade anti-Israel.
O argumento utilizado para justificar o plano é que a distribuição de alimentos iria deixar de ser feita em zonas sem lei, passando para locais sob o controlo militar israelita.
A ideia não foi bem aceite pela ONU que alegou que o plano restringia a ajuda alimentar e que obrigava os civis a caminhar quilómetros, atravessando as linhas militares israelitas, para chegar aos alimentos, colocando-os em risco.
Mais de 800 habitantes de Gaza morreram em tiroteios em torno dos pontos de distribuição
Segundo os dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 800 habitantes de Gaza morreram devido aos tiroteios em torno destes pontos de distribuição de alimentos que tornaram numa das poucas vias que a população de Gaza tem para conseguir alimentos, embora muitos dos que os procuram saiam de mãos vazias, pois a comida disponibilizada à população não é suficiente.
A organização afirma ter distribuído mais de 1,2 milhões de cabazes de alimentos desde que começou a funcionar em Gaza, a 27 de maio. Cada caixa alimenta 5,5 pessoas, segundo a organização, durante três dias e meio, o que significa que, em mais de um mês e meio, os recursos da organização teriam abastecido cerca de 218.500 pessoas (de uma população de 2,1 milhões).
A agência de notícias EFE pôde verificar no ponto de distribuição localizado no centro de Gaza que a GHF deixa as caixas em paletes agrupadas para que os habitantes de Gaza tentem obter o seu conteúdo por conta própria, o que desencadeia brigas e uma recolha descontrolada e desigual dos produtos.
Além disso, a GHF não opera no norte de Gaza, que ficou isolado e onde a população costuma parar diretamente os camiões com ajuda da ONU para se apropriar da carga, às vezes com violência.
- Com LUSA