O ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Vikram Misri, anunciou que as Forças Armadas do país estão a responder a violações do cessar-fogo, poucas horas depois de a trégua ter sido firmada.

Na tarde deste sábado (já tinha anoitecido na Índia, que se encontra quatro horas e meia à frente de Portugal continental), Misri afirmou, em declarações à agência "Reuters", que "o Paquistão violou o cessar-fogo" acordado algumas horas antes. "Pedimos ao Paquistão que interrompa as violações", disse ainda o governante, revelando que as forças indianas receberam instruções para "lidar severamente [com as violações] ao longo da fronteira".

Nas cidades de Jammu e Srinagar, na região de Caxemira, reivindicada por ambos os países, foram ouvidos e observados projéteis no céu e explosões.

Cerca de duas horas após as declarações do Governo indiano, o primeiro-ministro paquistanês dirigiu-se à nação, dizendo que o cessar-fogo foi feito "para benefício de todos". Shehbaz Sharif agradeceu a vários países, incluindo a Arábia Saudita e a China, pelos seus esforços de mediação para alcançar o cessar-fogo, e culpou a Índia por disseminar informações falsas, destruir mesquitas e matar civis por todo o território paquistanês. “Somos um país muito responsável e demonstrámo-lo. Queremos a paz. Somos uma nação pacífica… Fizemos este acordo de cessar-fogo e estamos muito positivos em relação a ele.”

Sharif declarou, contudo: “Não ficaremos em paz até que o Paquistão recupere a sua integridade perdida, pela graça de Deus, e esse momento não está longe.”

O Governo do Paquistão já tinha negado a alegada violação de cessar-fogo. O ministro da Informação paquistanês, Attaullah Tarar, negou, momentos antes, as alegações indianas, que definiu como infundadas. “O Paquistão não pode violar o cessar-fogo, nem sequer pensou nisso; é um momento de celebração e a nação paquistanesa celebra hoje a sua vitória”, disse, então, Tarar.

A Reuters noticiou este sábado que na cidade indiana de Jammu aconteceram ataques com drones. A autoria das hostilidades não é conhecida. A Índia e o Paquistão acordaram um cessar-fogo total e imediato, depois de semanas de intensificação das tensões e bombardeamentos no território disputado de Caxemira. A nova crise - a pior em cerca de três décadas - foi desencadeada a 22 de abril, após um ataque terrorista numa zona da região administrada pela Índia, no qual morreram 26 pessoas.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, há menos de 24 horas, o acordo de cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão, os vizinhos que têm ambos armas nucleares. O cessar-fogo ocorreu após “uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos”, salientou Trump.

O anúncio foi então confirmado por ambos os países.