
O Governo lamentou esta sexta-feira que “uma minoria” [de pessoas] tenha “ultrapassado os limites legais do exercício ordeiro da liberdade de manifestação e expressão”, referindo-se aos confrontos registados esta tarde no Rossio, em Lisboa, embora sem nunca responsabilizar ou referir a extrema-direita.
Em comunicado, o Executivo agradeceu a intervenção da PSP para “repor a ordem pública”, salientando que as autoridades atuam sempre "independentemente das ideologias" de quem provoca os desacatos.
“O Governo tem estado a acompanhar, em conjunto com as autoridades policiais e de segurança, a situação das diferentes manifestações e o desenrolar dos eventos nas ruas, saudando os muitos milhares de portugueses que hoje se manifestaram de forma pacífica e ordeira em diversos pontos do território nacional. Infelizmente, regista-se que uma minoria terá ultrapassado os limites legais do exercício ordeiro da liberdade de manifestação e expressão, o que levou à intervenção da Polícia para repor a ordem pública e legalidade, como é seu dever, e como tem feito em outras ocasiões, independentemente das motivações, ideologias, ou organizações subjacentes aos comportamentos desordeiros”, refere o Governo, exprimindo “o seu agradecimento e apoio às forças de segurança e a sua solidariedade aos dois agentes da PSP que foram agredidos”.
Embora sem explicitar, o comunicado do Executivo refere-se aos episódios de violência provocados esta tarde em Lisboa por apoiantes de extrema-direita, que organizaram uma concentração ilegal no Rossio, depois de a ação, de caráter xenófobo, que tinham marcado para o Martim Moniz não ter sido autorizada.
Durante a concentração, apoiantes do partido Ergue-te e dos movimentos Habeas Corpus e Grupo 1143 arremessaram garrafas e outros objetos contra a polícia, provocando ferimentos em dois agentes, e envolveram-se em confrontos com alguns manifestantes antifascistas que participavam no desfile do 25 de Abril.
A polícia fez três detenções, entre as quais a do neonazi Mário Machado, do Grupo 1143, e do ex-juiz Rui Fonseca e Castro, líder do partido Ergue-te, tendo sido ainda identificadas mais quatro pessoas.