![Hospital Amadora-Sintra: Serviços “muito abaixo dos mínimos”, ministra vai trabalhar num plano](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, revelou esta segunda-feira que a ministra da Saúde prometeu-lhe que vai trabalhar num plano que possa responder à crise vivida neste momento pelo Hospital Amadora-Sintra devido à falta de um número suficiente de médicos cirurgiões capaz de garantir os serviços mínimos daquela unidade local de Saúde (ULS).
Carlos Cortes, citado pela agência Lusa, falava aos jornalistas depois de uma reunião com a ministra Ana Paula Martins no Ministério da Saúde. “A ministra [Ana Paula Martins] percebeu que há um problema. Vai desenvolver um plano. Em primeiro lugar, para tentar garantir a formação dos médicos.” O cenário de falta de recursos humanos, segundo o bastonário, é crítico, sendo que o serviço de urgência do hospital está a funcionar “muito abaixo dos mínimos”.
O serviço geral de cirurgia é um exemplo do ponto extremo a que situação chegou, de acordo com o bastonário, estando a funcionar muitas vezes com apenas um cirurgião, quando devia ter seis ou sete.
A falta de uma resposta considerada adequada por parte do governo às necessidades do Amadora-Sintra levou o conselho de administração daquela unidade de saúde a apresentar a demissão.
Essa demissão aconteceu após um encontro, na segunda-feira da semana passada, entre a administração e a ministra. Segundo a Lusa, a reunião tinha sido convocada por Ana Paula Martins na sequência de um alerta da Ordem dos Médicos para as circunstâncias críticas vividas pelo hospital. Horas depois da administração, foi a vez do diretor do serviço de urgência também demitir-se.
As demissões e sucessivas declarações sobre a falta de recursos humanos do Amadora-Sintra levaram mais de cem utentes a concentrarem-se esta segunda-feira de manhã junto do hospital, para protestarem e exigirem a contratação de mais médicos.
Um dos manifestantes, Pedro Ventura, vereador da CDU na Câmara Municipal de Sintra, em declarações à agência Lusa, classificou o cenário de dramático. “O problema continua a ser o mesmo: ou o Governo passa a investir de facto no Serviço Nacional de Saúde, ou contribuí para aquilo que é a diminuição da qualidade e a destruição do Serviço Nacional de Saúde.”
Entretanto, na sexta-feira o Bloco de Esquerda apresentou um requerimento à comissão parlamentar da Saúde para que a administração demissionário do Amadora-Sintra vá à Assembleia da República contar a sua versão dos factos. "Parece evidente o choque entre Conselho de Administração e ministério e entre estratégias a implementar, situação que urge esclarecer e fiscalizar”, lê-se no requerimento, citado pela Lusa.