
"O programa nuclear do Irão será retomado sem interrupção e estamos prontos para reiniciar o enriquecimento --- o nosso programa não será interrompido", disse a agência, segundo informaram os meios de comunicação social iranianos, numa altura em que vigora um frágil cessar-fogo entre Telavive e Teerão.
Por sua vez, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, expressou hoje satisfação pelo cessar-fogo alcançado entre Israel e o Irão e pediu que se retome a cooperação com o organismo que dirige.
Numa mensagem publicada na rede social X, o diplomata argentino que lidera a agência de vigilância nuclear da ONU afirmou ter escrito ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, a quem propôs uma reunião "para breve", sublinhando que este passo "pode conduzir a uma solução diplomática para a prolongada controvérsia sobre o programa nuclear".
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje de madrugada que Israel e o Irão tinham acordado um cessar-fogo, informação que ambos os países confirmaram, embora pouco depois Telavive e Teerão se tenham acusado mutuamente do lançamento de mísseis.
A região tem vivido uma escalada de violência desde 13 de junho, quando Israel iniciou uma ofensiva contra instalações militares e do programa nuclear iraniano, numa série de ataques que foram retaliados por Irão.
A tensão aumentou quando os Estados Unidos se juntaram aos ataques contra o território iraniano no fim de semana, bombardeando três instalações nucleares no Irão, uma agressão à qual o país persa respondeu atacando na segunda-feira a base norte-americana de Al-Udeid, no Qatar, a maior que Washington mantém no Médio Oriente.
Os inspetores da AIEA verificam e controlam há mais de duas décadas as atividades do programa nuclear iraniano, sem poder garantir até agora a sua natureza pacífica, dada a falta de cooperação e transparência total do Irão, embora Grossi tenha admitido que a agência da ONU não tem provas de que Teerão esteja a desenvolver uma bomba atómica.
Entretanto, em Teerão, o Presidente iraniano indicou ter contactado hoje representantes dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Qatar e Omã para enviar uma mensagem de tranquilidade após o lançamento de mísseis contra a base norte-americana de Al-Udeid e pedir unidade entre os países árabes face aos ataques de Israel.
Massoud Pezeshkian conversou com o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, com o sultão de Omã, Haitham bin Tariq al-Busaid, enquanto Araqchi falou com o homólogo dos EAU, Abdullah bin Zayed al-Nahyan, para discutir os últimos acontecimentos na região, após os ataques de Israel e a intervenção direta dos Estados Unidos.
Nas conversas, segundo reportou o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, não se falou do cessar-fogo anunciado entre Israel e Irão, mas a República Islâmica reiterou a justificação para responder aos ataques tanto de Israel como dos Estados Unidos e agradeceu o apoio dos países do Golfo.
No passado dia 13 de junho, Israel lançou uma campanha de bombardeamentos aéreos contra várias instalações nucleares do Irão, à qual os Estados Unidos se juntaram no passado fim de semana.
O Irão, por sua vez, respondeu à ofensiva israelita com o lançamento de centenas de mísseis balísticos e drones explosivos contra centros urbanos civis em Israel, que provocaram pelo menos 28 mortos e mais de 1.300 feridos, a grande maioria com ferimentos leves.
Nos ataques de Israel, tanto contra centros nucleares como contra alvos militares na República Islâmica, morreram pelo menos 610 pessoas e mais de 4.700 ficaram feridas, das quais quase mil continuam hospitalizadas.
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