Duas pessoas morreram hoje em ataques israelitas no Líbano, tendo o exército israelita dito que eliminou dois membros do Hezbollah, com o líder do movimento libanês a garantir que a resistência a Israel não será desarmada.

Apesar de um cessar-fogo que entrou em vigor em 27 de novembro, após dois meses de guerra entre Israel e o Hezbollah, o exército israelita efetua regularmente ataques no Líbano, alegando ter como alvo combatentes e infraestruturas do movimento islamita libanês apoiado pelo Irão.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, um primeiro "ataque efetuado pelo inimigo israelita contra um carro na estrada Saida-Ghaziyeh provocou uma morte".

O exército israelita anunciou na altura, em comunicado, que tinha "efetuado um ataque preciso na região de Saida e eliminado o terrorista do Hezbollah Mohammad Jaafar Asaad Abdallah".

De acordo com Israel, tratava-se de um "responsável, entre outras coisas, pela implantação dos sistemas de comunicação do Hezbollah em todo o Líbano".

O ministério libanês informou depois que uma segunda pessoa tinha sido morta num ataque a um carro perto de Aita al-Chaab, não muito longe da fronteira com Israel.

Mais tarde, o exército israelita veio dizer que "um membro do Hezbollah foi visado e eliminado" (...) na região de Aita al-Chaab".

O exército israelita já tinha afirmado ter morto vários combatentes do Hezbollah, incluindo "comandantes", esta semana, no sul do país vizinho.

Após o início da guerra em Gaza, em 07 de outubro de 2023, desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel, disparando 'rockets' contra o território israelita, alegando estar a agir em apoio dos palestinianos.

Entretanto, o secretário-geral do Hezbollah afirmou que o movimento "não permitirá que ninguém o desarme".

"Não permitiremos que ninguém desarme o Hezbollah ou a resistência [Israel]. Esta ideia de desarmamento deve ser eliminada do dicionário", afirmou hoje Naïm Qassem, num discurso transmitido pelo canal de televisão do movimento, Al-Manar.

Os comentários surgem numa altura em que os Estados Unidos pressionam as autoridades libanesas para que o movimento entregue as suas armas.

Desconhece-se o paradeiro de Qassem, que sucedeu a Hassan Nasrallah, morto num ataque israelita no final de setembro de 2024 nos subúrbios do sul de Beirute, bastião do Hezbollah, durante a guerra entre Israel e o movimento libanês.

Anteriormente, Wafic Safa, um alto responsável do movimento islamita, tinha afirmado que o Hezbollah se recusava a discutir a questão do seu arsenal enquanto Israel não se tivesse retirado completamente do sul do Líbano.

O acordo de cessar-fogo pôs termo a mais de um ano de hostilidades, incluindo dois meses de guerra aberta entre Israel e o movimento xiita, que ficou muito enfraquecido.

Em setembro de 2024, o conflito degenerou em guerra aberta com intensos bombardeamentos israelitas no Líbano que dizimaram a liderança do Hezbollah e fizeram mais de 4.000 mortos, segundo as autoridades.

O acordo prevê o desmantelamento das infraestruturas militares do Hezbollah entre o rio Litani e a fronteira israelita, cerca de 30 quilómetros a sul, e a retirada das forças israelitas do sul do país.

O exército israelita ocupou várias posições no sul do Líbano e continua a efetuar ataques mortíferos, alegando ter como alvo o Hezbollah.

Israel e o Hezbollah acusam-se mutuamente de violar o acordo de tréguas.