Em nota remetida hoje pelo JPP, Filipe Sousa diz que o Almirante Gouveia e Melo “deve renunciar” à sua candidatura a Presidente da República, por “violação do princípio constitucional da unidade e coesão territorial”, ao afirmar publicamente que “não se justifica uma ligação marítima de passageiros e carga entre a Madeira e o Continente”.

O pedido chegou esta segunda-feira à Assembleia da República por iniciativa do deputado do Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, e consta do preâmbulo do “Voto de Protesto” intitulado “Contra as declarações insultuosas e centralistas do candidato Almirante Gouveia e Melo”, que o parlamentar eleito pelo círculo da Madeira pretende ver aprovado em plenário.

Gouveia e Melo esteve de visita à Região durante o último fim-de-semana e à saída de uma das empresas do Grupo Sousa declarou-se contra a linha marítima reclamada pelos madeirenses. “Não é com certeza uma mera coincidência”, realça Filipe Sousa, acrescentando que ao afirmar que “não se justifica uma ligação marítima de passageiros entre a Madeira e o continente com base na distância e nos custos, o Almirante revela uma visão redutora, centralista e profundamente ofensiva para com os cidadãos da Região Autónoma da Madeira e, em particular, do Porto Santo”.

No comunicado, Filipe Sousa reputa de “grave, insultuosas e perigosas” as afirmações de Gouveia e Melo, “declarações que colocam em causa o princípio da coesão territorial, consagrado na Constituição da República, e atentam contra a ideia de um país uno, solidário e coeso”. Sublinha que “ao recusar a necessidade de uma ligação marítima de passageiros, o candidato exclui, marginaliza e isola os portugueses que vivem nas ilhas, tratando-os como um encargo ou um obstáculo”.

“Não é admissível que alguém que se apresenta como futuro Presidente da República, cargo que exige neutralidade, visão estratégica e compromisso com todos os portugueses, não é mandar, é servir, não é excluir, é compreender, não é dividir, é unir, manifeste tamanha indiferença para com uma parte do território nacional e os seus cidadãos”. JPP

Filipe Sousa diz que os madeirenses e os porto-santenses não podem ser “tratados como um fardo para o País”, alerta os madeirenses para que “não se esqueçam e atentem muito bem nestas declarações trapaceiras que fazem lembrar os tempos da outra Senhora”, e exige ao oficial da Marinha “respeito para com os madeirenses, pois são cidadãos de pleno direito, contribuintes, eleitores e portugueses de corpo inteiro”.

Face ao conteúdo das suas afirmações, Filipe Sousa indica o caminho a Gouveia e Melo. “Em nome da unidade nacional e da dignidade das Regiões Autónomas, entendo que deve renunciar à sua candidatura à Presidência da República”.

E mais, a terminar, deixa um desafio ao Almirante: “Com a sua visão redutora do país, será que este candidato também pretende defender que a Carris, Transtejo e Metro deixem de existir porque custam muito dinheiro ao Estado?”, pergunta, para destacar: “Esta questão é muito importante para que os portugueses do continente percebam de que é que estamos a falar, só assim, na minha opinião, percebem o porquê deste voto.”