A justiça de Hong Kong condenou esta terça-feira 45 ativistas pró-democracia a penas de prisão de até dez anos por terem realizado primárias não oficiais em 2020 para selecionar os candidatos da oposição para o parlamento da região. Apenas dois dos 47 arguidos foram absolvidos, enquanto os restantes receberam penas que variam entre os quatro anos e dois meses e os dez anos, pena aplicada ao jurista Benny Tai Yiu-ting.
Benny Tai e outros 30 arguidos, incluindo o antigo líder estudantil Joshua Wong Chi-fung e a antiga deputada Claudia Mo Man-ching, tinham-se declarado culpados em maio.
Outros 14 arguidos tinham-se declarado inocentes, entre os quais os ex-deputados Leung Kwok-hung (um antigo marxista conhecido como 'Cabelo Longo'), Lam Cheuk-ting, Helena Wong Pik-wan e Raymond Chan Chi-chuen e a jornalista Gwyneth Ho Kwai-lam.
Mais de 200 pessoas fizeram fila sob chuva e vento moderados esta manhã por um lugar no tribunal, incluindo um dos arguidos absolvidos, o ex-conselheiro distrital Lee Yue-shun.
Lee disse esperar que o público demonstre que se preocupa com o desfecho do processo judicial. "A interpretação e compreensão do público têm um impacto de longo alcance no desenvolvimento futuro da nossa sociedade", acrescentou.
Este foi até ao momento o maior julgamento ao abrigo da lei de segurança nacional imposta pelo Partido Comunista Chinês a Hong Kong em 2020, com um total de 47 ativistas e políticos.
O Ministério Público acusou-os de tentarem garantir uma maioria legislativa de forma a vetar indiscriminadamente os orçamentos e assim paralisar o governo de Hong Kong e derrubar a então líder da cidade, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor.
As primárias de julho de 2020 atraíram cerca de 610 mil pessoas, mais de 13% do eleitorado registado na cidade. Mas o governo adiou as eleições legislativas nesse ano, alegando riscos para a saúde pública durante a pandemia.
As leis eleitorais foram posteriormente revistas, reduzindo drasticamente a capacidade de voto do público e aumentando o número de deputados pró-Pequim.
A entrada em vigor da nova lei de segurança em março -- quatro anos depois de Pequim ter imposto uma lei semelhante que praticamente eliminou a dissidência política -- agravou as preocupações com a erosão das liberdades em Hong Kong, cidade vizinha de Macau.