A Ucrânia declarou-se esta quarta-feira disposta a participar em discussões mais diretas com a Rússia na segunda-feira, em Istambul, mas defendeu que Moscovo deve apresentar antecipadamente as suas condições para a paz, para que a reunião produza resultados.

"Não nos opomos a novas reuniões com os russos e aguardamos o seu memorando", declarou o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, numa mensagem na rede social X.
"A parte russa ainda tem pelo menos quatro dias antes da sua partida [para Istambul] para nos fornecer o seu documento para análise", argumentou.

A posição ucraniana surge na sequência da proposta, feita esta quarta-feira, pelo chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, para a realização da segunda ronda de negociações para resolver o conflito na Ucrânia em Istambul, a 02 de junho.

Antes, o negociador-chefe da Rússia, Vladimir Medinsky, tinha anunciado que Moscovo está pronta para iniciar negociações com a Ucrânia sobre o conteúdo de um memorando de resolução do conflito e as condições para um cessar-fogo.

"Telefonei ao ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, e propus hoje uma data e um local para uma reunião de troca de memorandos e uma lista de condições para a cessação das hostilidades", disse Medinski no canal Telegram.

Nesse sentido, Lavrov indicou que Moscovo está pronta para apresentar a Kiev o seu projeto de "memorando" de paz.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo explicou ao seu homólogo americano, Marco Rubio, como Moscovo pretendia iniciar discussões diretas com a Ucrânia em Istambul na segunda-feira, anunciou Moscovo.

Numa conversa telefónica, Lavrov falou com Rubio sobre "os preparativos da parte russa para propostas específicas para o próximo ciclo de discussões diretas entre a Rússia e a Ucrânia em Istambul", indicou o ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

A Rússia e a Ucrânia realizaram as suas primeiras conversações diretas em três anos na cidade turca, a 16 de maio, durante as quais concordaram com uma troca de mil prisioneiros de cada lado, mas sem mais avanços significativos.

Apesar da implementação bem-sucedida deste acordo, nos últimos dias a Rússia intensificou os seus bombardeamentos a Kiev e a outras cidades da Ucrânia, que respondeu com ataques de 'drones' em solo russo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus pediram o agravamento das sanções contra Moscovo.

Após uma aproximação com o líder do Kremlin, o próprio Presidente norte-americano, Donald Trump, disse no fim de semana que está a considerar sanções contra a Rússia por estes últimos ataques, alegando que Vladimir Putin "ficou completamente louco".

"Quando o Presidente Trump falou com o Presidente [Vladimir Putin] há pouco mais de uma semana, os russos disseram que iriam elaborar aquilo a que chamam um memorando, aquilo a que eu chamo um termo de compromisso. Um termo de compromisso significa: 'Ok, é assim que chegamos à paz'. Já recebemos isso do lado ucraniano. Precisamos de receber isso do lado russo", indicou o enviado dos Estados Unidos para a Ucrânia, Keith Kellogg.

O enviado norte-americano afirmou que o plano é juntar os documentos com os termos russos e ucranianos e estabelecer linhas vermelhas para ambos os lados.

A Rússia, cujo Exército ocupa quase 20% do território ucraniano, continua a impor as suas exigências maximalistas, que implicam o reconhecimento de quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) e a península anexada da Crimeia, a desmilitarização do país vizinho e a recusa da adesão de Kiev à NATO.

Por seu lado, Kiev, mais os aliados ocidentais, exige uma trégua antes de conversações de paz com o Presidente russo, Vladimir Putin, e não abdica da soberania sobre as regiões parcialmente ocupadas.