
"Em fevereiro, mais de 9.000 pessoas, mais de 5.000 das quais eram crianças, foram deslocadas em Cabo Delgado, principalmente devido a ataques ou medo de ataques de atores não estatais armados (...) nos distritos de Macomia e Meluco", lê-se num relatório daquela agência das Nações Unidas.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
De acordo com a Unicef, as populações refugiaram-se em locais de deslocamento e em cinco distritos da província.
O Fundo da Nações Unidas para a Infância refere ainda que para responder à insegurança armada registada ao longo de fevereiro em alguns distritos daquela província, foram distribuídos 'kits' essenciais, que incluem colchões e roupas, a quase 300 crianças deslocadas.
"Além disso, o Dia da Mão Vermelha [contra o uso de crianças como soldados] foi comemorado em Cabo Delgado, chegando a mais de 1.700 crianças e adolescentes com mensagens sobre os perigos de recrutamento e sequestro, ao mesmo tempo que promove o diálogo comunitário", acrescenta.
O último grande ataque naquela província deu-se em maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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