Marcelo Rebelo de Sousa chegou a Cuenca -- a terceira maior cidade do Equador em população, situada na cordilheira dos Andes, a cerca de 2.500 metros de altitude -- na quarta-feira, depois de uma escala em Quito.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, acompanha o chefe de Estado nesta cimeira, que deverá ficar marcada por muitas ausências.

Dos 22 países da comunidade ibero-americana, prevê-se que apenas Portugal, Espanha, Andorra, Equador, Paraguai e República Dominicana estejam representados pelos respetivos chefes de Estado ou de Governo.

A cimeira de Cuenca acontece num contexto de seca e de crise energética no Equador, com cortes diários de eletricidade, que se soma a graves problemas de violência neste país da América do Sul atualmente presidido por Daniel Noboa.

Excecionalmente, nestes dias, os cortes de eletricidade não abrangem esta cidade andina, onde é visível um reforço de segurança, com polícia armada nas ruas.

Hoje, o primeiro ponto na agenda de Marcelo Rebelo de Sousa é uma reunião sobre o Programa Ibero-Americano de Deficiência, às 11:30 (16:30 em Portugal continental, onde são mais cinco horas).

Depois do almoço, o Presidente da República participará 15.º Encontro Empresarial Ibero-Americano, pelas 15:00 locais.

A cerimónia inaugural da Cimeira Ibero-Americana de Cuenca está marcada para as 19:00, seguida do habitual jantar oficial, às 20:30.

Na sexta-feira, o Presidente da República intervirá em nome de Portugal na sessão plenária da 29.ª Cimeira Ibero-Americana, que tem como tema "Inovação, inclusão e sustentabilidade". Após o fim dos trabalhos, seguirá para Quito.

Segundo uma nota da Presidência da República Portuguesa, "a participação na cimeira permitirá reiterar o firme compromisso de Portugal para com o constante reforço da cooperação no espaço ibero-americano, uma prioridade clara da política externa portuguesa".

No sábado de manhã, na capital do Equador, Marcelo Rebelo de Sousa terá "um momento de contacto e confraternização" com representantes da comunidade portuguesa, antes de viajar de regresso a Portugal, lê-se na mesma nota.

No plano político e diplomático, o México cortou relações com o Equador por causa da invasão da embaixada mexicana em Quito em abril deste ano para deter o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, caso que suscitou críticas mais alargadas sobretudo na América Latina.

Em paralelo com a ibero-americana de Cuenca decorre em Lima, Peru, uma cimeira do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), com as presenças dos presidentes dos Estados Unidos da América, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.

Por outro lado, o Brasil prepara uma reunião do G20, no Rio de Janeiro, para a semana seguinte, na qual o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, estará como convidado.

A comunidade ibero-americana é composta por três países europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.

A primeira cimeira desta comunidade realizou-se em 1991, em Guadalajara, México. Os encontros foram anuais até 2014, quando passaram a ser de dois em dois anos.

Este deverá ser o último durante a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, que termina em março de 2026.

Quase sempre, Portugal tem estado representado conjuntamente pelos chefes de Estado e do Governo. Assim aconteceu nas cimeiras de Cartagena das Índias, na Colômbia, em 2016, de Andorra, em 2021, e de Santo Domingo, na República Dominicana, em 2023.

Em 2018, na 26.ª Cimeira Ibero-Americana, na cidade histórica de Antiga, na Guatemala, só esteve o Presidente da República.

IEL // JPS

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