No âmbito do programa ‘Conversa de Eleição’, promovido pela Rádio Renascença, com moderação da jornalista Filipa Ribeiro, os ex-ministros Fernando Medina e Miguel Poiares Maduro debateram temas nacionais com destaque para a fiscalidade, imigração e governação.

Sobre a redução das taxas de IRS, Poiares defendeu que “está em condições de se fazer sem pôr em causa as contas públicas”, sublinhando que “a carga fiscal penaliza fortemente a atracção de investimento”. Medina relativizou o impacto da medida: “não aquece nem arrefece”, e admitiu que, se fosse ministro nesta legislatura, “não teria feito” a redução.

No que toca à nova Lei da Nacionalidade, Poiares considerou compreensível “dar a entender um maior controlo da emigração”, mas advertiu contra a criação de “duas cidadanias diferentes”, o que “contamina a concepção de cidadania”. Defendeu “um compromisso entre as principais forças políticas” nesta matéria. Já Medina acusou o Governo de estar a “ir mais além do Chega” numa “tentativa de captar o espaço político da extrema-direita”, desvalorizando o tema como “animação política”.

A propósito do relatório sobre a morte durante a greve do INEM, Poiares foi cauteloso: “parece-me precipitado fazer um juízo”. Medina foi mais crítico, apontando “falta de sentido de prioridade” e “incompetência na gestão”, com serviços mínimos convocados no próprio dia da greve.

Quanto às presidenciais, Medina considerou “avisada” a decisão do PS de esperar pelas Autárquicas para decidir quem apoiar, e afirmou que Augusto Santos Silva “tem as condições todas” para ser candidato. Poiares considerou que o desafio de José Luís Carneiro se prende com uma “alteração estrutural do regime político”, e que uma candidatura de Santos Silva “provavelmente facilita-lhe a vida”.

O debate ilustrou a polarização em torno das respostas do Governo aos temas quentes da actualidade. Nenhum dos oradores foi confrontados com temas que dissessem directamente respeito à Região.