
O México processou a gigante tecnológica Google por mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América", para os utilizadores da aplicação Google Maps nos Estados Unidos, anunciou hoje a Presidente, Claudia Sheinbaum.
"A queixa já foi apresentada", declarou a chefe de Estado mexicana na conferência de imprensa da manhã, sem especificar a data ou a jurisdição.
A 20 de janeiro, no seu primeiro dia de regresso à Casa Branca para um segundo mandato (2025-2029), o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva alterando o nome do Golfo do México para "Golfo da América".
O principal serviço de cartografia digital passou, assim, a indicar a existência do "Golfo da América" no sudeste dos Estados Unidos, no mar que banha os Estados norte-americanos da Florida, Luisiana e Texas e também o México e Cuba, para os utilizadores localizados nos Estados Unidos.
A Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso norte-americano) aprovou na quinta-feira um projeto de lei que formaliza a mudança de nome e confere força de lei ao decreto presidencial.
Sheinbaum tinha avisado em fevereiro a Google, uma subsidiária da Alphabet, que estava a considerar uma ação judicial, a não ser que a gigante tecnológica revertesse a sua decisão.
O Governo de esquerda nacionalista mexicano defende que o decreto de Donald Trump só se aplica à parte da plataforma continental pertencente aos Estados Unidos.
"Tudo o que queremos é que o decreto emitido pelo Governo dos Estados Unidos seja respeitado", afirmou Sheinbaum.
"O Governo norte-americano apenas designa a parte da plataforma continental norte-americana como 'Golfo da América' e não o Golfo inteiro, porque não teria autoridade para designar o Golfo inteiro", argumentou.
A Presidente do México sugeriu, por sua vez, que os Estados Unidos passem a chamar-se "América Mexicana", referindo-se a um mapa anterior a 1848, quando um terço do México foi cedido aos Estados Unidos ao abrigo do Tratado de Guadalupe.
O México está também na linha da frente das guerras tarifárias lançadas por Donald Trump contra os parceiros comerciais dos Estados Unidos, destino de mais de 80% das exportações mexicanas.