
O ministro das Finanças de Israel apelou hoje à "intensificação dos combates" contra o Hamas, depois de o movimento islâmico palestiniano ter rejeitado uma proposta de tréguas israelitas.
"Chegou o momento de abrir as portas do inferno ao Hamas, de intensificar os combates até à conquista total da Faixa de Gaza, à destruição do Hamas e à implementação do plano do presidente [dos EUA Donald Trump] para a emigração voluntária dos habitantes de Gaza para outros países", frisou o ministro de extrema-direita Bezalel Smotrich, numa declaração divulgada minutos após ter sido conhecida a decisão do Hamas.
O movimento islamita palestiniano defendeu hoje um acordo abrangente para terminar a guerra.
"Os acordos parciais estão a ser utilizados pelo [primeiro-ministro israelita Benjamin] Netanyahu e pelo seu governo como cobertura para o seu projeto político (...) e não participaremos nessa política", vincou Khalil al-Hayya, o principal negociador do Hamas.
Um responsável do Hamas disse à agência France-Presse (AFP) na segunda-feira que o plano israelita previa o regresso, em várias fases, de dez reféns vivos em troca de uma trégua de "pelo menos 45 dias", a libertação de 1.231 prisioneiros palestinianos detidos por Israel e o desbloqueio da entrada de ajuda humanitária em território palestiniano.
O Hamas "procura um acordo abrangente que envolva uma troca única de prisioneiros em troca do fim da guerra, da retirada da ocupação da Faixa de Gaza e do início da reconstrução" no território, acrescentou Khalil al-Hayya.
Israel prometeu destruir o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Exige o desarmamento e a saída dos seus combatentes de Gaza, para terminar definitivamente a guerra, o que o movimento recusa.
Para apertar o cerco ao Hamas, o exército israelita anunciou na quarta-feira que tinha transformado 30% do território palestiniano num "perímetro de segurança", uma zona de proteção da qual a população está proibida.
Uma "estratégia que consiste em tornar o território inabitável", segundo Agnès Levallois, professora da Fundação para a Investigação Estratégica.
Quase todos os 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelo menos uma vez desde o início da guerra.
Novos ataques israelitas mataram hoje pelo menos 40 residentes de Gaza O Hamas acusou Israel de usar "a fome como arma" de guerra.
A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas raptadas, 58 continuam detidas em Gaza, incluindo 34 mortos, segundo o exército israelita. Durante a trégua observada de 19 de Janeiro a 17 de Março, 33 reféns, incluindo oito mortos, foram entregues a Israel, em troca da libertação de aproximadamente 1.800 palestinianos das prisões israelitas.
De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 1.691 palestinianos foram mortos desde 18 de março, elevando para 51.065 o número de mortos em Gaza desde o início da ofensiva de retaliação israelita, há 18 meses.