
"Com as autoridades chinesas fiz questão de dizer que nós nos vamos empenhar muito no ensino do chinês em Portugal", disse o chefe da diplomacia portuguesa, após uma visita de três dias à China continental.
Na capital, Pequim, Rangel encontrou-se com o homólogo chinês, Wang Yi, antes de se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, na ilha de Hainão, onde decorreu a conferência anual Fórum Boao.
"A situação hoje é muito melhor do que era há 20 anos (...). Já temos, de facto, uma capacidade de formação que não tínhamos de todo", disse Paulo Rangel, numa receção à comunidade portuguesa em Macau.
Além de licenciaturas em língua e cultura chinesas, o Instituto Confúcio, sob a tutela de uma agência governamental, garante cursos livres de mandarim em cinco universidades portuguesas: Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho.
No final de fevereiro, a reitora da Universidade dos Açores, Susana Mira Leal, anunciou a intenção de abrir também uma delegação do Instituto Confúcio na instituição.
A formação de pessoas fluentes em mandarim "é decisivo também para o nosso futuro", mas "não é suficiente para os desafios que temos pela frente", alertou Paulo Rangel.
Na terça-feira, o ministro tinha pedido às autoridades de Pequim que promovessem mais o ensino do chinês além-fronteiras, particularmente na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Perante um grupo de estudantes chineses durante uma palestra numa universidade no norte de Pequim, Rangel defendeu ainda que "Portugal é um país antigo, mas o português é a língua do futuro".
"É a língua mais falada no hemisfério sul e, até 2100, haverá mais de 600 milhões de falantes de português", previu o chefe da diplomacia portuguesa, num auditório com mais de cem alunos da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim ('Beiwai').
Rangel frisou ainda o peso económico dos países e regiões de língua oficial portuguesa, que estimou terem um Produto Interno Bruto conjunto de três biliões de euros.
"A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa seria o sexto maior bloco económico do mundo", explicou.
A mais antiga licenciatura em língua portuguesa na China foi criada em 1961, precisamente na Beiwai, e foi o único do género no país até ao final da década de 1990.
No entanto, o ensino do Português no continente chinês registou um crescimento acelerado nos últimos 25 anos, alimentado pela evolução das trocas comerciais entre a China e a lusofonia.
Não contando com Macau e Hong Kong, há mais de 50 universidades chinesas que ensinam português, incluindo como licenciatura ou disciplina opcional, abrangendo mais de 4.300 estudantes, segundo dados do Instituto Português no Oriente.
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