O número de pessoas que morreram por eutanásia nos Países Baixos aumentou 10% no último ano, segundo uma notícia do "The Guardian", que cita os dados oficiais mais recentes. O jornal britânico acrescenta que este aumento levou o organismo de supervisão a alertar os médicos para a necessidade de “grande cautela” em casos de doença psiquiátrica.

Os Países Baixos têm uma das leis de eutanásia mais antigas e abrangentes do mundo, permitindo que os médicos ponham fim à vida de um paciente que esteja a “sofrer de forma insuportável, sem perspetiva de melhoria”. Para tal, é necessário um diagnóstico médico, que pode incluir doença mental ou demência. Além disso, como em qualquer outro caso de eutanásia, devem ser cumpridas várias condições, incluindo um pedido voluntário e bem ponderado do paciente e a inexistência de uma "alternativa razoável" para a sua situação.

Os dados divulgados pelos Comités Regionais de Avaliação da Eutanásia (RTE), entidade responsável por garantir que os casos de eutanásia cumprem a lei, mostram que o número de mortes aumentou de 9.068, em 2023, para 9.958, em 2024. A maioria dos casos – 86% – envolvia doenças físicas avançadas, como o cancro. No entanto, 219 pessoas morreram por razões psiquiátricas, um aumento significativo face às 138 registadas em 2023. Em 2010, tinham sido apenas dois casos.

Num comunicado citado pelo "The Guardian", o RTE recomenda que os médicos atuem com “grande cautela” em casos de doença psiquiátrica, consultando sempre um especialista em psiquiatria e um médico independente da rede de profissionais que prestam apoio e informação sobre eutanásia. “O médico deve sempre recorrer a um especialista em psiquiatria nestes casos. O objetivo é garantir que esteja bem informado e reflita criticamente sobre as suas próprias convicções”, refere a nota.

Em 2024, o RTE considerou que seis casos de eutanásia foram realizados sem o devido cuidado. Num deles, um médico concedeu a eutanásia a uma mulher na casa dos 70 anos sem consultar um psiquiatra. A mulher terá pedido para morrer após sofrer uma fratura na coluna que a impedia de satisfazer a sua necessidade obsessiva de limpeza.

Alguns especialistas manifestaram preocupação sobre os dados oficiais agora divulgados, sobretudo em relação ao aumento significativo de pedidos e procedimentos de eutanásia entre jovens com menos de 30 anos devido a "problemas psicológicos".