A Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo à operação policial na zona do Martim Moniz, em Lisboa. Ao jornal Expresso, a IGAI detalha que se trata de um processo administrativo, aberto por iniciativa própria.
Em declarações ao semanário, o inspetor-geral da Administração Interna, juiz desembargador Pedro Figueiredo, revelou que, até agora, a IGAI "não recebeu qualquer queixa por abuso policial ou algo similar sobre a operação especial realizada na Rua do Benformoso, em Lisboa, na última quinta-feira".
A operação policial, que decorreu a 19 de dezembro no Martim Moniz, resultou na detenção de dois portugueses, que ficaram em prisão preventiva. Foram ainda apreendidos quase 4 mil euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e artigos contrafeitos.
Em relação às revistas a dezenas de pessoas, a Polícia de Segurança Pública (PSP sustentou que foram “procedimentos de segurança” e afastou a hipótese de discriminação. A operação foi realizada devido a denúncias de ocorrências com armas brancas.
A operação policial no Martim Moniz gerou uma onda de críticas e acusações, que consideram que terá havido abuso de autoridade. A PSP fechou uma rua e encostou à parede dezenas de imigrantes.
O primeiro-ministro considerou que este tipo de ações são importantes para tranquilizar os cidadãos. A esquerda quer explicações da ministra da Administração Interna.
Em imagens partilhadas nas redes sociais foi possível perceber como a PSP tratou todos da mesma forma. Fechou a Rua do Benformoso, no Martim Moniz, encostando à parede dezenas de imigrantes que por ali estavam, revistando-os em seguida.
Até agora, a PSP não esclareceu se todos os imigrantes que encontrou eram suspeitos de algum crime na altura em que foram travados pela polícia.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.
A IGAI abriu "por sua iniciativa, um processo administrativo, com solicitação de informações à PSP sobre a referida operação", indicou o inspetor-geral ao Expresso.
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A PSP acrescentou, num comunicado divulgado no dia em que ocorreu a operação, que naquela zona " frequentemente ocorrem situações de desordem envolvendo armas brancas e outros incidentes relacionados com ofensas à integridade física".
A operação policial foi acompanhada por uma procuradora da República e foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária.
Sobre os procedimentos, a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel Ricardo, explicou que uma "operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas" que por ali circulem.
A mesma responsável referiu que o contingente empregue "foi o necessário" para uma operação deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.
Com Lusa