"O parlamento ucraniano ratificou o acordo de parceria económica histórica entre a Ucrânia e os Estados Unidos", declarou na rede social X Ioulia Svyrydenko, que espera que o documento possa abrir caminho à concessão de uma nova ajuda militar norte-americana a Kiev para fazer face à invasão russa.

O documento diz respeito à extração de minerais, petróleo e gás na Ucrânia, país que enfrenta há mais de três anos uma ofensiva militar russa.

Embora não inclua garantias de segurança para Kiev, a Ucrânia espera que possa abrir caminho à concessão de uma nova ajuda militar dos Estados Unidos.

O acordo foi assinado no final de abril, após semanas de tensões entre Kiev e Washington, que culminaram numa altercação verbal entre os Presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Sala Oval da Casa Branca, no final de fevereiro.

Contrariamente ao que pretendia inicialmente Donald Trump, o documento não prevê que a ajuda norte-americana concedida pelo seu antecessor, Joe Biden, desde o início da invasão em 2022, seja contabilizada como dívida da Ucrânia para com os Estados Unidos, destacou Svyrydenko.

"O facto de não se tratar de dívida, nem de crédito, mas sim de investimentos na economia ucraniana é muito importante", garantiu a ministra.

O texto prevê, por outro lado, que a nova ajuda militar norte-americana seja contabilizada como contribuição para um fundo de investimento conjunto dos dois países, lembrou ainda Ioulia Svyrydenko.

A contribuição ucraniana consistirá em 50% das receitas provenientes de novas licenças emitidas para a exploração de recursos naturais da Ucrânia (petróleo, gás, minerais raros, num total de 57 tipos de recursos), de acordo com o documento.

"O controlo dos recursos naturais continuará, como previsto na Constituição, nas mãos do povo ucraniano", assegurou a ministra.

Este fundo para a "reconstrução" da Ucrânia, devastada por mais de três anos de guerra, será financiado e gerido em partes iguais por ambas as partes.

O acordo não inclui, no entanto, garantias de segurança por parte dos Estados Unidos, um ponto que era defendido por Kiev, confirmou ainda a ministra.

Uma versão anterior do acordo, proposta por Washington em março, foi descrita por órgãos de comunicação social e especialistas como muito desfavorável para Kiev. Essa versão foi posteriormente revista após difíceis negociações.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

 

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