
O líder da extrema-direita dos Países Baixos, Geert Wilders, retirou esta terça-feira o Partido da Liberdade (PVV) da coligação governamental, devido a um desacordo sobre a imigração, abrindo caminho para eleições antecipadas.
“Não há acordo para o nosso plano de asilo. O PVV abandona a coligação”, escreveu Wilders nas redes sociais, referindo-se ao programa que tinha apresentado e que visava reforçar a política em relação aos imigrantes e aos requerentes de asilo.
A coligação governamental dos Países Baixos, formada por quatro partidos políticos, liderada pelo primeiro-ministro, Dick Schoof, foi constituída há 11 meses, tendo tardado dois meses a ser formada.
Recentemente, Wilders afirmou que o governo estava a demorar demasiado tempo a pôr em prática a “política de imigração mais rigorosa, jamais vista” nos Países Baixos.
Após a vitória eleitoral, que provocou reações em todo o continente europeu, as sondagens continuam a mostrar que o PVV continua a ser o mais forte. No entanto, diminuiu a diferença em relação aos rivais mais próximos.
O partido de Wilders é seguido de perto pela aliança entre os Verdes e os sociais-democratas do antigo vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans.
O partido liberal VVD, formação tradicional na política neerlandesa, está igualmente bem posicionado nas sondagens, o que significa que a eventual eleição pode vir a ser muito disputada.
No final de maio, Wilders convocou uma conferência de imprensa para anunciar que “tinha esgotado a paciência” face ao governo do primeiro-ministro, Dick Schoof.
Wilders ameaçou abandonar a coligação se um novo plano de 10 pontos para limitar a imigração não fosse implementado nas próximas semanas.
O plano previa o encerramento das fronteiras aos requerentes de asilo, o reforço dos controlos fronteiriços e a deportação dos cidadãos com dupla nacionalidade condenados por um crime.
“Fechem as fronteiras aos requerentes de asilo e ao reagrupamento familiar. Não vamos abrir mais centros de asilo. Vamos fechá-los”, afirmou Wilders em maio.
Especialistas políticos e jurídicos consultados pela Agência France-Presse consideraram os planos do PVV “impraticáveis ou ilegais”, com alguns a sugerirem que Wilders estava a criar uma crise para derrubar o governo.
O líder de extrema-direita tem sido frequentemente apelidado de “Trump neerlandês” devido às posições anti-imigração, numa referência direta ao Presidente dos Estados Unidos.
As ambições do PVV para liderar os Países Baixos foram frustradas após a vitória eleitoral do ano passado, uma vez que os parceiros de coligação bloquearam a candidatura de Wilders a primeiro-ministro, escolhendo Schoof para chefiar o Executivo.
Os líderes dos quatro parceiros da coligação concordaram em não assumir cargos ministeriais, preferindo manter a liderança dos respetivos partidos.
Wilders é uma figura presente no Parlamento, sendo constantes os confrontos verbais com o social-democrata Frans Timmermans. Tem dito frequentemente que a única forma de pôr em prática as políticas anti-imigração é tornar-se primeiro-ministro.
No entanto, no fraturado sistema político do país, nenhum partido consegue obter uma maioria absoluta no Parlamento composto por 150 deputados. Assim, Wilders precisa de parceiros de coligação.
O quarto partido da atual aliança governamental, o Novo Contrato Social, que se afirma “anticorrupção”, caiu nas sondagens desde a saída do líder Pieter Omtzigt.