"Estamos em diligências para aferir o que realmente aconteceu, peso embora a vítima ainda não se tenha feito presente a nossa subunidade para prestar queixa e, eventualmente, avançar com alguns detalhes que sejam da sua posse. Mas estamos em linhas operativas para o esclarecimento", declarou à Lusa Leonel Muchina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Maputo.

O caso terá sido registado por volta das 02:30 de domingo na residência de Dinis Tivane, num dos bairros da capital moçambicana, e os disparos terão sido efetuados por um grupo que se fazia transportar numa carinha Toyota.

Imagens feitas e divulgadas pelo próprio Tivane na sua rede social Facebook mostram diversas marcas das balas que atravessaram o portão, atingindo as paredes da garagem da residência.

"Nós estamos ávidos a esclarecer, mas só queremos colaboração para permitir celeridade na investigação. Ainda estamos a diligenciar, estamos a fazer cruzamento de informações e reconstituições dos factos", acrescentou o porta-voz da polícia moçambicana.

Numa nota de repúdio na rede social Facebook, Venâncio Mondlane avançou que, durante a incursão do grupo, a família de Tivane não se encontrava em casa, num episódio pelo político classificado como "intimidação política".

"Foram 24 tiros atingindo portões e a área interna da garagem, num claro ato de intimidação política (...) Nenhuma bala, nenhuma ameaça nos fará recuar", acrescenta o ex-candidato presidencial.

Em 19 de outubro, Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, formação política que apoiava Mondlane nas últimas eleições, foram mortos a tiro numa "emboscada" na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, confirmou, na altura, à Lusa, a polícia moçambicana.

Após o duplo homicídio, Mondlane convocou a realização de marchas em Moçambique, que foram dispersas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo.

Desde o episódio, Moçambique vive um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer de forma independente em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante confrontos entre a polícia e os manifestantes, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

EAC // ANP

Lusa/Fim