
Os presidentes da Rússia e da Turquia falaram ao telefone sobre a perspetiva de um acordo sobre o Mar Negro, que foi negociado na segunda-feira em Riade, anunciou hoje o Kremlin.
Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan trocaram "pontos de vista sobre o reinício da iniciativa do Mar Negro", disse o serviço de imprensa do Kremlin num comunicado citado pela agência francesa AFP.
A Rússia exigiu o levantamento das sanções ocidentais que afetam as suas exportações agrícolas para retomar o acordo sobre os cereais de 2022, alcançado sob mediação da Turquia e da ONU.
Moscovo abandonou um ano depois, alegando que o Ocidente não honrara o compromisso que deveria garantir a exportação dos seus fertilizantes e produtos agrícolas, apesar das sanções por ter invadido a Ucrânia.
"Putin sublinha importância da integridade da Síria em telefonema com Erdogan"
Segundo a agência russa TASS, Putin e Erdogan debateram também projetos no setor da energia, os resultados das recentes consultas dos grupos de peritos russos e norte-americanos em Riade, e a situação na Síria.
Erdogan "manifestou o seu apoio ao diálogo russo-americano e a disponibilidade da parte turca para facilitar o avanço do acordo sobre o Mar Negro", disse o Kremlin.
Putin e Erdogan também registaram "com satisfação" a dinâmica positiva das relações bilaterais e o crescimento do comércio mútuo.
Sobre a Síria, concordaram na importância de "garantir a unidade, a soberania e a integridade territorial" do país, segundo o comunicado citado pela TASS.
Falaram sobre a necessidade de "prestar toda a assistência possível às autoridades e ao povo" da Síria para reforçar a estabilidade política interna.
Os dois líderes defenderam ainda que devem ser respeitados "os direitos e interesses legítimos de todos os grupos étnicos e religiosos da população".
A Rússia, a par do Irão, era o principal apoiante do regime de Bashar al-Assad, que foi deposto em dezembro de 2024, na sequência de uma ofensiva de forças rebeldes lideradas pelo grupo xiita Hayat Tahrir al Sham (HTS).
Em 06 de março, eclodiram confrontos entre as forças de segurança do governo de transição do país e grupos armados locais que vitimaram muitos elementos da minoria alauita, a que pertence o clã Assad.
Bashar al-Assad fugiu para a Rússia, que lhe deu asilo político.