"Também é revelador das opções, também é revelador da forma de estar e daquilo que é importante, que haja por aí uns tão honestos em encontrar pretextos para tudo e um par de botas, para avançar com comissões de inquérito: é isto, é aquilo, é a família de um, é o primo do outro, é a questão concreta, seja lá a que for, mas sobre esta questão, sobre esta golpada, sobre esta operação, para sacar recursos públicos, para pôr no bolso do capital, nem uma palavra, nem um pio, nem um espasmozinho ali para dar alguma animação à coisa. Hipocrisia, isso sim é que é uma vergonha", realçou Paulo Raimundo.

O dirigente comunista discursava na apresentação pública do candidato da Coligação Democrática Unitária (CDU) à Câmara Municipal de Coimbra, Francisco Queirós, a propósito do negócio da venda do Novo Banco a um grupo francês.

Paulo Raimundo lembrou os oito mil milhões de euros que "saíram do bolso de todos para pôr no buraco do BES" para, depois, um fundo americano "com mil ME, supostamente, compra o banco e não pôs um cêntimo".

E, no fim do negócio, continuou, "teve 1,7 ME de lucros por dia à conta desta negociata e vende o banco a um fundo francês".

"Nós pagamos oito mil ME do nosso bolso, praticamente não vemos nada nesse negócio...Bela negociata à nossa conta e à conta dos nossos recursos e dos nossos meios. Mais uma", sustentou.

No final da sua intervenção, Raimundo, em declarações à agência Lusa, disse ser "curioso como é que o Chega, que tendo essa possibilidade, não apanhou a oportunidade de fazer uma comissão de inquérito sobre isso", mas fez sobre a nacionalidade.

"São opções. De facto é curioso, como é que perante um escândalo destes, de mais de seis mil ME, nós todos vamos ser lesados, mais uma vez, a prioridade seja essa", reagiu e, sobre essa opção disse: "Correspondem àquilo que são: demagogos, mentirosos, cavalgar ondas, criar assuntos, não há grande novidade nisso".

Durante mais de 20 minutos, Paulo Raimundo defendeu ainda que "A Constituição da República não precisa de ser revista, precisa sim que seja cumprida" e a título de exemplo enumerou vários artigos relacionados com habitação, saúde, família e paz.

"O artigo 46, aquele que não permite no nosso país o ódio, a violência, os fascistas. Esse artigo tem de ser cumprido", exigiu, enquanto mais de uma centenas de presentes gritou "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".

A apresentação do candidato Francisco Queirós, que destacou temas para as autárquicas como o "respeito pelos trabalhadores municipais, os espaços verdes, os transportes públicos e a mobilidade", aconteceu após uma arruada numa das ruas da baixa de Coimbra.

Nos mais de 400 metros percorridos, ouviram-se 'slogans' como: "A CDU avança com toda a confiança"; "É justo e necessário o aumento do salário"; "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais"; "A cultura é um direito, sem ela nada feito"; "Somos muitos, muitos mil para continuar Abril"; "Paz sim, guerra não"; e "O público é de todos, o privado é só de alguns".

IYN // JPS

Lusa/Fim