
Especialistas em verificação de factos e literacia mediática consideram que as redes sociais e os influenciadores digitais desempenham um importante papel na difusão da desinformação, mas também podem ajudar a combatê-la.
Na conferência "Desinformação Vs. Liberdade de Expressão" desenvolvida pelo Iberifier, a professora da Universidade de Navarra Charo Sádaba disse que "os 'influencers' devem estar conscientes da responsabilidade que têm em mãos" em matéria de desinformação.
A professora referiu que a facilidade das redes sociais faz com que as pessoas procurem informação através destas plataformas porque "custa menos intelectualmente", até porque estar informado requer tempo, dinheiro e boas fontes de informação.
O diretor de operações do jornal português de 'fact-checking' Polígrafo, Filipe Pardal, afirmou que, além da facilidade das redes sociais, é necessário ter em conta a "gratificação que os jovens procuram" e que as redes sociais podem dar, nomeadamente através da interação que os influenciadores estabelecem com o público, dizendo que utilizam "uma forma de comunicação eficaz".
Sergio Hernadez, representante da EFE Verifica, por sua vez defendeu que uma das formas para combater a desinformação nas redes sociais é através de parcerias com os influenciadores digitais. "Pode-se estabelecer parcerias com os 'influencers'. Há 'influencers' que podem ser parte da solução para transmitir informação de qualidade para uma geração mais jovem", disse.
Além disso, o representante da EFE Verifica referiu a literacia mediática como importante para fomentar um pensamento crítico na sociedade, gerando mais resiliência em todos os grupos da sociedade.
Já Filipe Pardal mencionou que além dos projetos nas escolas é também essencial uma formação ao longo da vida, "num ambiente digital que muda a toda a hora, essa formação contínua é cada vez mais importante. A escola é a base de tudo, mas tem de se olhar além da escola", disse.
À agência Lusa, o diretor do Polígrafo disse também que, numa perspetiva pessoal, "está cada vez mais difícil distinguir o que é jornalismo, o que é notícia, do que são opiniões [...]. Obviamente que os canais não estão a difundir desinformação, mas as pessoas são desinformadas porque não têm tempo para perceber que se está a falar opinião e não de jornalismo."
O professor da Universidade Ramon Llull de Barcelona Jaume Suau Martinez abriu a conferência e destacou que o "objetivo das campanhas de desinformação é atingir a sociedade em geral", questionando-se sobre o efeito da desinformação.
O professor disse ainda que "não se pode deixar que a liberdade de expressão deixe a porta aberta para a desinformação e intolerância".
A conferência "Desinformação Vs. Liberdade de Expressão" decorre hoje no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE -IUL), em Lisboa, e conta com diversos convidados nacionais e internacionais para debater temas como a inteligência artificial (IA), o papel dos algoritmos ou a literacia mediática.