O responsável do Canal do Panamá, Ricaurte Vasquez Morales, alertou quarta-feira que a cedência às exigências do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de conceder tarifas preferenciais aos navios norte-americanos contraria o tratado de neutralidade e criaria desordem.

"Regras são regras, não pode haver exceções. Não podemos ter exceções para os chineses, para os americanos ou quem quer que seja. Isso iria contra o tratado de neutralidade, contra o direito internacional e causaria desordem", afirmou Vasquez Morales em entrevista ao Wall Street Journal .

O responsável da infraestrutura marítima negou, por outro lado, que Pequim tenha assumido o controlo da gestão do canal: "A China não tem qualquer envolvimento, de uma forma ou de outra, nas nossas operações".

Donald Trump afirmou repetidamente que quer tomar conta do Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, se as tarifas de utilização dos navios norte-americanos não forem reduzidas.

"Já não somos estúpidos"

O político republicano, que regressará em 20 de janeiro à Casa Branca para um novo mandato, voltou a criticar na terça-feira o acordo de 1977 assinado pelo então Presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, que resultou na transferência do controlo do canal para o Panamá, no final de 1999.

"Não nos tratam de forma justa. Cobram mais aos nossos navios do que aos navios de outros países", acusou Trump, acrescentando: "Riem-se de nós porque pensam que somos estúpidos. Mas já não somos estúpidos".

A soberania do Panamá sobre o canal "não é negociável", reagiu Javier Martinez-Acha, ministro dos Negócios Estrangeiros do país centro-americano.

Questionado na terça-feira se poderia garantir que não usaria a força armada para anexar o Canal do Panamá, uma via vital para o transporte marítimo global, bem como a Gronelândia (um território autónomo da Dinamarca que também aspira possuir), Donald Trump respondeu: "Não lhe posso garantir isso, em nenhum dos dois".

O Canal do Panamá comemorou no dia 31 de dezembro o 25.º aniversário de gestão panamiana.

- Com Lusa