
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, considera que os Estados Unidos e Donald Trump não vão deixar de manter a coesão da Aliança Atlântica, apesar de Donald Trump ontem ter voltado a manifestar dúvidas sobre o Artigo 5º do Tratado da Organização do Atlântico Norte.
“Para mim, é absolutamente claro que os Estados Unidos estão totalmente empenhados na NATO, totalmente empenhados no artigo 5º. E, sim, existe também uma expetativa, que será satisfeita hoje, de que os canadianos e os europeus acelerem as suas despesas, assegurando que não só somos capazes de nos defender dos russos e de outros, mas também de nos equiparar”, afirmou na manhã desta quarta-feira, antes da reunião de trabalho com os chefes de Governo em Haia, nos Países Baixos onde decorre a Cimeira da NATO.
“E é justo que gastemos o mesmo que os EUA estão a gastar. O aspeto mais importante do artigo 5º e o aspeto positivo do artigo 5º é o facto de ser claro que nos defendemos mutuamente quando somos atacados”, acrescentou. Apesar de manifestar confiança nos EUA, Rutte dá assim de alguma maneira voz ao argumento transacional de Trump, de que ajuda a defender a Europa se os europeus e os canadianos pagarem.
Rutte admite que países nos 2% do PIB em Defesa tomaram “decisões difíceis”
Mark Rutte diz mesmo não ter a certeza absoluta de que os países da NATO chegassem todos aos 2% do PIB em despesas militares se Donald Trump não tivesse sido eleito. O neerlandês voltou a assumir os elogios que fez a Trump na mensagem polémica conhecida ontem: “Estou esperançado e cautelosamente otimista de que chegaríamos lá se Trump não tivesse sido eleito Presidente, por isso penso que o que disse na mensagem de texto que lhe enviei não tem qualquer problema em ser publicado. O que está nessa mensagem de texto é uma declaração de facto, e não me importo nada que ele a tenha partilhado”, afirmou, apesar de ter causado mal-estar entre alguns aliados.
Quanto ao aumento de gastos militares admitiu que os governos estão sob pressão: “Claro que são decisões difíceis. Sejamos honestos. Os políticos têm de fazer escolhas em situações de escassez. E isto não é fácil porque sete ou oito países, no início deste ano, não estavam nos 2%, mas vão atingir os 2% este ano. Muitos desses países disseram que o fariam algures na década de 2030. Agora comprometeram-se a fazê-lo este ano”.
“Os países têm de encontrar o dinheiro. Não é fácil”, reconheceu Rutte. “Tratam-se de decisões políticas. Reconheço-o perfeitamente. Mas, ao mesmo tempo, os meus colegas estão absolutamente convencidos de que, dada a ameaça dos russos e a situação da segurança internacional, não há alternativa”, afirmou o secretário-geral da NATO.