O setor da carne reclama a criação de uma linha de apoio e a proibição das energéticas alegarem motivos de força maior perante os custos decorrentes do apagão, que levou a que animais deixassem de ser enviados para consumo.

"As carcaças que estavam na linha de abate no momento da falha de energia foram rejeitadas porque as linhas de abate são automatizadas, o que levou a muitas rejeições, não se sabendo ainda o número de animais eliminados do consumo", afirmou a diretora executiva da Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC), Graça Mariano, em resposta à Lusa.

Apesar de ressalvar que ainda é muito cedo para avaliar as consequências em termos económicos, a associação referiu que a grande maioria das indústrias não tinha um gerador, nem conseguiu alugar, face à potência.

Assim, terá de ser feito mais um dia de abate, além do programado semanalmente, com custos acrescidos por necessidade de horas extra.

Contabiliza-se igualmente um dia de salário de trabalhadores sem produção e penalizações dos clientes que não receberam as suas encomendas.

Graça Mariano destacou ainda a perda de soberania que Portugal está a ter no que diz respeito à produção de carne, "sem que a administração pública se preocupe".

Por outro lado, disse que as empresas estão a perder capacidade de investimento devido ao "excesso de zelo e falta de bom senso" das entidades portuguesas, nomeadamente a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e a Direção-Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (DGADR).

O setor reclama ao Governo a abertura de uma linha de ajuda financeira ou que obrigue as empresas de fornecimento de energia "a não poderem utilizar o motivo de força maior para se livrarem de assegurar estes custos que não são imputáveis às indústrias".

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do "apagão".

O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu hoje de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.