O candidato presidencial António José Seguro afirmou esta segunda-feira que a discussão sobre um eventual chumbo do Orçamento de Estado para 2026 pelo PS é mais um exemplo do tipo de que questões que "afastam as pessoas da política". "As pessoas estão a sofrer porque não têm uma casa, porque há urgências que fecham, porque não têm acesso à saúde a tempo e horas. E estão a discutir um voto sobre uma proposta que ainda nem sequer foi apresentada, que ninguém conhece", disse.

António José Seguro falava aos jornalistas, em Setúbal, após questionado sobre a eventualidade de o PS votar contra a proposta orçamental para 2026, ideia que, segundo escreve hoje o jornal Público, ganha força entre os mais próximos do secretário-geral do PS.

"Concentremo-nos nos problemas das pessoas. As pessoas estão a sofrer verdadeiramente. De cada vez que visito o país e falo com as pessoas, as pessoas estão desesperadas em muitas das situações. O nosso papel é de afirmar a esperança, não uma esperança sem conteúdo, mas uma esperança com responsabilidade. Esse é o meu papel e é por isso que eu regressei ao espaço público e o dever nesta campanha é um dever cívico", acrescentou

O candidato presidencial António José Seguro, que falava aos jornalistas durante um encontro com o Cardeal e Bispo de Setúbal, Américo Aguiar, afirmou também que a ausência de respostas das instituições da democracia aos problemas da habitação, da saúde e da pobreza, constitui um "pasto para os extremismos".

"Cada vez que a democracia, as instituições da democracia, não resolvem esses problemas, isso é um pasto para os extremismos. E os extremismos alimentam-se de problemas não resolvidos", disse António José Seguro durante um encontro realizado na Casa Episcopal de Setúbal.

"O papel da democracia e dos partidos políticos e dos governos é diminuir a dimensão desses problemas e fazer, em primeiro lugar, com que mais pessoas saiam da situação de pobreza que nós temos em Portugal", acrescentou Seguro, ao ser confrontado com a possibilidade de, caso seja eleito, ter de lidar com o Chega.

Sobre uma eventual proximidade entre o atual Governo e o Chega, em matérias em que os dois partidos têm ideias semelhantes para resolver alguns problemas, António José Seguro defendeu que "a grande preocupação é que existam soluções duradouras e sólidas e não aspirinas para resolver os problemas que, neste momento, afligem milhões de portugueses".

Para António José Seguro, Portugal tem um "fenómeno de pobreza extensiva", em que "a maior parte dos pobres são filhos de pais pobres e netos de avós pobres, o que significa que os elevadores sociais não estão a funcionar".

"E para quem defende um Estado social, é imprescindível que existam elevadores sociais a funcionar e que exista uma rede de proteção social. Ora, a rede de proteção social também está a abrir buracos aqui e ali", sublinhou o antigo líder socialista e agora candidato às presidenciais.