De acordo com Hélder Dombole, chefe do departamento de Saúde Pública em Tete, a maioria dos casos (56 dos 58) foi registada em mulheres com mais de 15 anos, tendo o surto ocorrido sobretudo na localidade de Mangal, onde a prática de defecar a céu aberto aumentou o risco de contaminação.

"Praticam o fecalismo a céu aberto, o que propicia a transmissão da doença entre famílias, ou mesmo aumentando a probabilidade de ocorrência de novos surtos em outras comunidades", alertou Dombole, em declarações aos jornalistas, garantindo, contudo, que a "situação está controlada", após reforço da vigilância epidemiológica, tendo sido já aberto um centro de internamento e tratamento.

O surto de cólera em Moçambique matou pelo menos 57 pessoas desde outubro de 2024, com um registo cumulativo de quase 3.600 casos, segundo o último balanço das autoridades sanitárias, com dados até ao último fim de semana.

De acordo com o boletim informativo diário do Ministério da Saúde sobre a evolução da doença, no norte do país o surto de cólera foi registado nos distritos de Mogovolas, Angoche, Murrupula, Larde e cidade de Nampula, na província de Nampula, com um cumulativo de 3.188 casos no mesmo período.

No centro de Moçambique, a cólera está a afetar os distritos de Mopeia e Alto Molocué, na província da Zambézia, com um cumulativo de 345 casos, além do distrito de Changara, na província de Tete, totalizando um cumulativo de 3.587 em todo o país.

O novo surto de cólera foi declarado em 17 de outubro de 2024 pelas autoridades sanitárias do país, mantendo-se ativo nas províncias de Nampula (distritos de Mogovolas, cidade de Nampula, Murrupula, Larde e Angoche), Zambézia (distrito Alto Molocué) e Tete (distrito de Changara).

O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) entregou em 08 de maio 2,3 milhões de doses de vacina contra a cólera ao Ministério da Saúde moçambicano, país que tem enfrentado surtos da doença.

De acordo com uma nota da agência da ONU, as vacinas vão "ajudar a proteger crianças e pessoas em áreas de alto risco em Moçambique".

Em Nampula, arranca em 17 de maio uma campanha de vacinação contra a cólera, que pretende chegar a 1,3 milhões de pessoas com mais de 1 ano, de quatro distritos, em cinco dias.

PVJ // JMC

Lusa/Fim