Um terramoto de magnitude 6 abalou esta madrugada as províncias orientais de Kunar e Nangarhar, no Afeganistão, causando pelo menos 800 mortos e 2500 feridos, segundo a estação de televisão Al Jazeera.

O epicentro situou-se a 27 km de Jalalabad, a uma profundidade de 8 km, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Pouco depois, registou-se uma réplica de magnitude 4,5 perto de Basawul.

A província de Kunar está entre as mais afetadas, com aldeias inteiras reduzidas a escombros. Pelo menos três localidades ficaram arrasadas, e centenas de feridos continuam a precisar de evacuação.

Só numa aldeia foram confirmadas 30 mortes, mas as autoridades admitem que os números divulgados até agora são incompletos e poderão aumentar à medida que chegam informações de zonas remotas.

O Ministério da Defesa enviou 30 médicos e 800 quilos de medicamentos para Kunar, na tentativa de reforçar os hospitais locais, que estão a receber centenas de feridos e já operam no limite da capacidade. Um responsável pelo hospital provincial de Asadabad descreveu a situação como uma “crise” inesperada, com um doente a chegar a cada cinco minutos e pacientes a terem de se deitar no chão por falta de camas. Até agora, quatro corpos foram levados para o hospital, enquanto dezenas de outros foram encaminhados para clínicas locais.

Na província vizinha de Nangarhar, foram encontrados cerca de 12 mortos e 255 feridos foram admitidos no hospital principal, enquanto deslizamentos de terras provocados pelos tremores bloquearam estradas, isolando dezenas de aldeias.

O sismo ocorre menos de um ano após outro terramoto no oeste do Afeganistão, em outubro de 2023, que provocou mais de 2400 mortos. Organizações humanitárias alertam que a tragédia acontece num país já fragilizado pela redução da ajuda internacional e pelo regresso forçado de milhares de cidadãos de países vizinhos, aumentando a vulnerabilidade da população.

A ONU, o Crescente Vermelho Afegão e o Governo talibã mobilizaram-se para lançar uma grande operação de resgate. O porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que “as autoridades locais e os residentes já estão a participar nos esforços de resgate dos afetados” e que “todos os recursos disponíveis serão utilizados para salvar vidas”.

Kunar é uma região remota na fronteira com o Paquistão, nos vales da cordilheira Hindu Kush, onde a população vive principalmente em casas precárias de barro e palha, extremamente vulneráveis a sismos.

Marcelo Rebelo de Sousa enviou esta segunda-feira uma mensagem de condolências ao povo do Afeganistão, afetado pelo sismo. A nota publicada no site da Presidência da República sublinha os “devastadores efeitos” do terramoto, que provocou centenas de vítimas mortais e inúmeros feridos.

O sismo de magnitude 6 ocorreu às 23h47 locais (20h17 em Lisboa) e foi seguido por pelo menos dois abalos de magnitude 5,2, provocando deslizamentos de terras que complicam ainda mais os esforços de socorro.