Numa chamada telefónica na quinta-feira, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para não escalar a guerra na Ucrânia, de acordo com o The Washington Post.

Esta é a primeira vez que Trump terá falado com Putin, de forma oficial, depois das eleições da passada terça-feira. O jornal americano dá conta que na conversa, Trump terá pedido a Putin para reconsiderar novas ações na Ucrânia e aproveitou a oportunidade para enfatizar a extensão da presença militar de Washington na Europa.

A notícia sobre este telefonema entre os dois líderes acontece depois de um conselheiro de Trump ter deixado claro que o caminho para a paz do presidente norte-americano poderia passar pela cedência de território: “Se a vossa prioridade é a Crimeia, estão por vossa conta”, disse Bryan Lanza, membro da campanha de Trump.

Este é precisamente o ponto de toda a estratégia do republicano que, durante a campanha deixou sempre a ideia que poderia rapidamente mediar a paz no conflito. Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu que poderia acabar com a guerra “num dia”, embora não tenha esclarecido a abordagem específica que adotaria para resolver o conflito.

Este telefonema com Putin seguiu-se à recente discussão de Trump com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que se manteve firme na sua posição contra qualquer acordo que cedesse território ucraniano. Em resposta às exigências de Putin, estabelecidas em junho, que incluíam o abandono pela Ucrânia das suas aspirações à NATO e a retirada das tropas dos territórios reclamados pela Rússia, Zelensky defendeu um “plano de vitória” que procura apoio militar ocidental adicional.

O Kremlin, numa declaração feita na sequência da comunicação de Trump, indicou a disponibilidade de Putin para participar em discussões sobre a Ucrânia, mas sublinhou que as exigências de Moscovo se mantêm inalteradas. Tal como referido em junho, estas exigências incluem concessões significativas por parte da Ucrânia, exigindo essencialmente uma redefinição das suas fronteiras nacionais e da trajetória da sua política externa - uma condição a que a Ucrânia continua a opor-se vigorosamente.

Mais de 1400 bombas, drones ou mísseis russos foram lançados numa semana, diz Kiev

O Presidente ucraniano afirmou este domingo que a Rússia atacou a Ucrânia nos últimos sete dias com mais de 1400 dispositivos de ataque aéreo, incluindo bombas guiadas, drones e mísseis.

"Esta semana, a nossa defesa aérea trabalhou dia e noite para proteger os céus da Ucrânia do terrorismo russo", disse Zelensky numa mensagem publicada no seu canal na rede social Telegram, enumerando os sistemas que a Federação Russa utilizou nos seus ataques aéreos nos últimos sete dias.

"Esta semana, utilizou mais de 800 bombas guiadas, cerca de 600 drones de ataque e quase 20 mísseis de vários tipos", acrescentou Zelensky, que também fez uma referência ao ataque russo que teve lugar na madrugada deste domingo.

Ataques mútuos com recurso a drones

As forças antiaéreas do exército russo repeliram este domingo um ataque de drones ucranianos na região de Moscovo, abatendo pelo menos 32 aparelhos que se dirigiam para a capital russa, segundo o presidente da Câmara de Moscovo.

De acordo com a agência espanhola EFE, começaram a ouvir-se explosões por volta das 08:30 locais (05:30 em Portugal) a sul da capital russa, em resultado do fogo antiaéreo e do impacto nos drones.

Os drones foram abatidos sobre os bairros de Ramenskoe, Domodedovo e Kolomna e obrigaram ao encerramento temporário do aeroporto internacional de Domodedovo e do aeródromo militar e civil de Zhukovsky.

O aeroporto internacional de Sheremetyevo, a norte da capital, também limitou as suas operações.

O ataque ocorre numa altura em que a Rússia recebe chefes da diplomacia e altos funcionários de cerca de 50 países africanos na cidade de Sochi, no sudoeste do país, para uma conferência ministerial.

Por seu turno, a Força Aérea da Ucrânia anunciou ter abatido 62 drones lançados pelo exército russo contra território ucraniano na noite de sábado, no que Kiev diz ser um dos maiores ataques da Federação Russa com este tipo de dispositivos.

Numa mensagem na sua conta no Telegram, a Força Aérea refere que um total de 62 drones foram abatidos em 12 regiões ucranianas, incluindo Kiev, Chernobyl, Zhitomir (noroeste), Kharkov, Poltava e Sumi (nordeste), Vinnitsia e Khmelnitsky (oeste), Dnipropetrovsk, Donetsk e Zaporijia (leste), Odessa e Nicolaev (sul).

Durante o ataque, o exército diz ter detetado até 145 dispositivos lançados pela Rússia, incluindo drones "Shahed" de fabrico iraniano.