A União Europeia tem "as ferramentas" para se defender das tarifas americanas, particularmente com os "serviços" que os Estados Unidos exportam para os europeus, disse hoje a chefe da política externa europeia, Kaja Kallas.

"A UE sempre procurou uma solução negociada. Mas, se necessário, também tem as ferramentas para defender os seus interesses", disse, em entrevista ao La Tribune Dimanche, ecoando a declaração de Ursula von der Leyen no dia anterior.

Logo após o anúncio de Donald Trump, no sábado, de que tarifas de 30% seriam impostas aos produtos da UE e do México a partir de 01 de agosto, a presidente da Comissão Europeia criticou a decisão, declarando que a UE estava pronta para "continuar a trabalhar em direção a um acordo comercial" com Washington.

No entanto, também reiterou que a UE estava pronta para tomar "todas as medidas necessárias para salvaguardar os interesses, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário".

"No setor de serviços, a Europa está numa posição forte", argumentou Kallas, acrescentando que resta saber se estão "prontos para fazer algo".

Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024, segundo dados do Conselho da União Europeia.

Mas, se forem considerados apenas os serviços, a tendência inverte-se e a UE tem um défice comercial, sendo que, para Kaja Kallas, há margem de manobra neste setor para responder à ofensiva dos EUA.

"Deveríamos também ter uma espécie de Artigo 5 económico", sugeriu, referindo-se ao artigo do Tratado da NATO que exige que todos os membros da aliança defendam um país signatário quando este for atacado.