O Giro está pronto para ir para a estrada, com uma sensação de desencanto que deixo a explicação para o fim. A primeira das grandes voltas que faz a rentrée do período que atrai maior interesse mediático traz uma inovação logo no seu início.

O início na Albânia dá um ar de novidade à competição. Contudo, não são as três tiradas iniciais que irão ser decisivas nas contas finais. Os sprinters terão logo à partida algumas das poucas oportunidades para se evidenciarem na prova. Este começo permite tirar as primeiras ilações sobre o estado de Wout van Aert, da Visma-Lease a Bike, um dos principais sprinters do pelotão internacional, depois de recuperar de lesão.

No entanto, esta incursão pelos balcãs parece favorecer Mads Pedersen, da Lids-Trek, com características para finais acidentados. O dinamarquês vem bem apetrechado à partida do Giro. A vitória na geral do Tour de la Provence e especialmente a conquista da camisola dos pontos do Paris Nice parece ser um bom pronuncio para o sprinter.

O seu companheiro de equipa, Jonathan Milan, Fernando Gaviria, da Movistar, Karen Groves, da Alpecin-Deceuninck que venceu a camisola dos nas duas últimas edições da Volta a Espanha e Biniam Girmay, da Intermarché–Wanty, que ganha a classificação dos pontos do Tour, em 2024.

Já quanto aos candidatos à camisola rosa terão de esperar pelo final da primeira semana para a primeira chegada em alta montanha, na sétima etapa, que liga Castel di Sangro a Tagliacozzo.

As decisões ficarão certamente apenas para a última semana, no norte do país transalpino. A chegada a San Valentino, com uma contagem de primeira categoria no final, o final em Champoluc, na 19ª tirada e, no dia a seguir, a subida ao Colle delle Finestre, ponto de maior altitude na edição deste ano, vão fazer diferenças nos tempos da classificação geral, além dos dois contrarrelógios individuais.

À cabeça dos maiores candidatos à rosa, estão dois ciclistas. O primeiro já muito experiente é Primoz Roglic, da Red Bull Bora-hansgrohe. Aos 35 anos, o vencedor da geral em 2023 preparou-se quase em exclusivo para esta prova, uma vez que em 2024 só participou na Volta a Catalunha, em que venceu a amarela, e a Volta ao Algarve.

A sua equipa tem um painel de luxo ao seu dispor em que se destaca Dani Martinez e Jai Hindrey, vencedor em 2022, que também podem funcionar como planos alternativos, caso o esloveno fraqueje nos dias de alta montanha.

Na linha da frente dos favoritos, Juan Ayuso, da UAE Emirates, também tem de ser considerado. Aos 22 anos, o espanhol venceu, em 2025, o Tirreno-Adriatico, a camisola da juventude da Volta à Catalunha e mais duas provas de um dia. O ciclista destacou-se na Vuelta de 2024, ao ficar em segundo lugar geral, e demonstra uma rapidez em montanha e uma capacidade técnica que o parecem destinar a grandes feitos no ciclismo.

Precisamente, na UAE Emirates, estão as duas maiores desilusões à partida do Giro. A ausência de Tadej Pogacar, vencedor da geral em 2024 do Giro e do Tour, deixa a competição órfã de um dos potenciais grandes destaques. Por outro lado, é sempre estranho o vencedor da edição passada não marcar presença na competição para defender o que conquistou.

Já a outra grande ausência, do lado dos portugueses, é João Almeida. O ciclista preferiu concentrar-se noutras competições e, depois da vitória na geral do Tour de Romandie, aponta à preparação para a Volta à Suíça. Este ano não haverá qualquer português a representar nas estradas o país, o que, em grandes voltas, já não é tão habitual.

Provavelmente estamos mal habituados, atendendo ao estado do ciclismo nacional…. Siga a competição porque certamente vai ser muito interessante de acompanhar o Giro, como qualquer grande volta é!