Um deslize para animar a luta pelo terceiro lugar. O SC Braga foi melhor, mas nem sempre ser melhor é suficiente e a falta de clarividência minhota no último terço conduziu a um empate caseiro, este sábado, frente ao Santa Clara (1-1). Uma igualdade que deixa os bracarenses novamente com companhia no pódio.

O melhor elogio que se pode fazer ao desafio é que nem se deu pelo tempo passar. Começou com o sol a querer espreitar, rapidamente foi invadido por chuva e tons cinza, mas a qualidade resistiu às mudanças climatéricas. Chuva ou sol, o futebol foi sempre de ataque e o encontro animado dentro, claro está, do plano estratégico que cada treinador traçou para o desafio.

@Rogério Ferreira / Kapta+

Os minhotos precisaram de apenas um minuto para gerar algum burburinho nas bancadas com um remate de Ismaël Gharbi. Os açorianos responderam com Ricardinho a abrir o marcador. Podemos apenas imaginar o que seria a estratégia de Vasco Matos para o encontro deste sábado, mas acreditamos que seria precisamente aquilo que se acentuou ainda mais com o golo madrugador: defender bem, ser objetivo e procurar tirar máximo proveito dos momentos de posse num jogo onde, à priori, a equipa da casa teria mais bola.

Atenção: a reação do SC Braga ao golo sofrido foi muito positiva e a equipa de Carlos Carvalhal instalou-se no meio-campo ofensivo, foi forte na reação à perda e não deixou os visitantes respirar durante a primeira meia hora. Os gverreiros conquistaram muitos lances de bola parada - pouco aproveitamento para tamanha quantidade - e acercaram-se da baliza de Gabriel Batista. Dir-se-ia que fizeram o suficiente - Fran Navarro, Sikou Niakaté, Víctor Gómez e João Moutinho ficaram perto - para sair para o intervalo com outro resultado, mas futebol e justiça andam muitas vezes desencontrados.

Supremacia necessitada de tradução

O golo de Ricardo Horta nos primeiros instantes da etapa complementar, a concluir uma grande jogada coletiva, deu o mote para 45 minutos de domínio praticamente total da formação arsenalista. Se na primeira parte, o Santa Clara foi conseguindo incomodar algumas vezes, sobretudo com as cavalgadas e os cruzamentos venenosos de Diogo Calila pela direita, na segunda a capacidade ofensiva dos insulares esteve em vias de extinção.

@Rogério Ferreira / Kapta+

Pese o domínio territorial notório e o cerco montado à área do adversário, o SC Braga teve dificuldades em traduzir essa supremacia em ocasiões concretas. A definição nem sempre esteve apurada - Víctor Gómez apareceu várias vezes no último terço com qualidade, mas esteve desastroso no cruzamento - e as bolas paradas promissoras que foram surgindo não passaram disso mesmo.

Do outro lado, as referências no trio de ataque, usadas vezes sem conta nos primeiros 45 minutos como forma de sair de pressão através de um jogo mais direto e para depois enquadrar os médios, foram desaparecendo. Gabriel Silva deu sinais de vida já tarde no desafio, mas a tempo de dispor da ocasião mais clara da segunda metade. Lukas Hornicek impediu o descalabro.

Muita bola e oportunidades de sobra (na primeira parte) para conseguir outro resultado, mas o SC Braga escorregou na Pedreira e voltou a ter a companhia do FC Porto na terceira posição, ambos com 65 pontos. E o Santa Clara, diga-se, continua dentro da luta pela Europa (51 pontos), apesar de ter perdido terreno para o Vitória SC (54).