Haverá realidades difíceis de engolir. Para um adepto do Sporting será ver a ultrapassagem pela direita do Benfica a seis jornadas do fim, num campeonato que os leões só não foram a candeia que alumia em três rondas, uma delas a primeira e só porque o Santa Clara marcou mais golos.
Depois disso, o Benfica liderou à jornada 13 e 15, na era do experimento laboratorial made in Alcochete chamado João Pereira. Com Rui Borges, o Sporting chegou a ter 6 pontos de vantagem à jornada 20, antes de os desbaratar com três empates consecutivos. O golo de Afonso Patrão à entrada dos descontos no jogo de segunda-feira com o SC Braga guilhotinou por fim a liderança dos leões, que já periclitante andava.
Mas não necessariamente de vez. Com uma série exemplar de nove vitórias seguidas, a última das quais concludente, por 4-1 no Dragão, o Benfica tem não só a vantagem pontual (mais dois pontos que o Sporting), mas também emocional. Porém, até à derradeira jornada do campeonato, tanto a equipa de Bruno Lage como o Sporting têm paragens perigosas e desafios de desconfiar, que ainda podem trazer mais loopings à montanha russa que tem sido este campeonato.
O que falta ao Benfica:
29.ª jornada - Arouca (casa)
30.ª jornada - Vitória (fora)
31.ª jornada - AFS SAD (casa)
32.ª jornada - Estoril (fora)
33.ª jornada - Sporting (casa)
34.ª jornada - SC Braga (fora)
Em seis jogos, a equipa de Bruno Lage terá pelo menos quatro alertas amarelos, se não de outra cor ainda mais viva. Se Arouca e AFS SAD em pleno Estádio da Luz serão duelos que, aparentemente, não obrigarão a esforços desmedidos - mas atenção à sempre encarniçada luta pela permanência -, os jogos fora serão de dificuldade acrescida: há deslocações a Guimarães (onde o Benfica não ganhou nas duas últimas épocas), Estoril (uma das revelações do campeonato e ainda a sonhar com a Europa) e a Braga, na última jornada, numa liga que pode muito bem definir-se até aos derradeiros minutos.
E, depois, claro, o dérbi com o Sporting, na penúltima ronda. Com quatro jogos ainda pela frente, é cedo para sabermos em que situação chegarão as duas equipas ao duelo, mas o Benfica tem pelo menos a vantagem de jogar na Luz, onde o Sporting não ganha desde 2021.
O que falta ao Sporting:
29.ª jornada - Santa Clara (fora)
30.ª jornada - Moreirense (casa)
31.ª jornada - Boavista (fora)
32.ª jornada - Gil Vicente (casa)
33.ª jornada - Benfica (fora)
34.ª jornada - Vitória (casa)
Parece aparentemente mais simples o calendário do Sporting, mas a viagem aos Açores já na próxima jornada, em plena ressaca da perda da liderança, assume amplificada importância. Não esquecer que a equipa de Vasco Matos é 5.ª na liga e luta por um possível lugar europeu. E que foi o primeiro carrasco dos leões nesta temporada, logo após a saída de Amorim e depois de 11 vitórias consecutivas do campeão. Em São Miguel, o Santa Clara só tem quatro derrotas, três das quais com FC Porto, SC Braga e Benfica.
Moreirense e Gil Vicente roubaram pontos ao Sporting na 1.ª ronda, no meio da deriva com João Pereira, mas a equipa de Rui Borges joga agora em casa. Um Boavista em luta pela sobrevivência é sempre uma equipa perigosa no Bessa. Depois do dérbi, que poderá muito bem ser o jogo mais decisivo da época, o Sporting ainda recebe o Vitória em Alvalade, o mesmo Vitória com que empatou 4-4 em Guimarães num dos jogos mais excêntricos desta I Liga.
E na comparação com uma equipa cada vez mais dependente do seu goleador, a maior facilidade do calendário face ao Benfica pode ser, por isso mesmo, apenas uma perceção. E já se sabe que não se pode só confiar nas perceções.