
Angel Di María abordou vários momentos da carreira na entrevista que deu à BTV, incluindo os treinadores com quem trabalhou nas duas passagens que fez pelo Benfica. O avançado argentino recorda (quase) todos com carinho, mas há um em particular que não esquece...
Como descreve os treinadores que apanhou no Benfica? "Cada um tinha as suas qualidades. Fernando Santos trouxe-me para o Benfica, por isso estou-lhe grato. Depois seguiram-se Camacho e Quique, que me utilizaram menos, trouxeram os 'seus' jogadores, o Camacho trouxe o 'Cebolla' Rodríguez e o Quique o Reyes. Mas isso também foi bom para mim porque cresci junto com jogadores com mais experiência. Depois chegou o Jorge Jesus [abre um sorriso largo], que me deu a oportunidade de jogar, que me colocou a titular indiscutível, deu-me a confiança que necessitava e graças a ele dei o salto e pude ir para o Real Madrid. Foi um treinador que tirou todo o melhor de mim e pude 'explodir' nesse ano. Depois, quando voltei tive Roger Schmidt e agora Bruno Lage. São completamente diferentes. Lage é mais agressivo com os jogadores, para falar, para tirar essa energia; Schmidt era mais tranquilo, tentava tirar o melhor de cada um em cada momento, muito mais calmo. Mas dois grandes treinadores. Infelizmente, não ganhámos muitos títulos com os dois, mas o clube acaba sempre por fazer boas opções".
Em todos os clubes por onde passou, onde é que vimos o melhor Di María? "O meu terceiro aqui foi um grande ano, o quarto ano no Real Madrid também foi espetacular, em que ganhámos a Champions, inesquecível porque estava a jogar numa posição em que não estava habituado, no meio. Mas depois os meus melhores anos foram no PSG, esses 7 anos foram inesquecíveis, com títulos em quase todos os anos, dando o meu melhor em todos os jogos, fazendo recordes históricos de assistências, golos... Foram dos melhores.
Qual o melhor jogo da sua carreira? "A final contra a França no Mundial. Acho que os 75 minutos que joguei foram incríveis, nem eu mesmo acreditava nas coisas que estava a fazer, pela forma como me estava a sentir em campo. Acho que foi o melhor jogo da minha carreira".
E no Benfica? "Não sei se por ser o mais recente, mas o jogo com o FC Porto em casa em que marquei dois golos, foi o melhor, foram dois golos num clássico, ainda para mais no Estádio da Luz".
Melhor golo da carreira: "Tenho vários, mas se tenho de escolher um, e porque estou cá, digo aquele de letra que marquei na Liga Europa pelo Benfica contra o AEK da Grécia. Por ser como foi, pela velocidade e tudo mais, foi incrível.
E se tiver de escolher outros dois? "O da final do Mundial, pelo que significa; e o da final com o Brasil no Maracanã, na Copa América, por ser a primeira Copa América pela Argentina, depois de 28 anos sem ganhar um título. Foi um golo característico meu, um chapéu, também é um dos meus favoritos".
Pior momento da carreira? "De 2014 até 2016, quase 2017, tive muitas lesões na seleção da Argentina, foram os momentos mais duros para mim. Era muito difícil levantar a cabeça, tentava dar sempre o meu melhor pelo meu país e aconteciam-me coisas, lesões, que não me deixavam levantar. Felizmente, tive sempre a minha família ao meu lado, que me apoiou e ajudou a seguir em frente. Nesse sentido sou uma pessoa de sorte. Mas o mau foram esses anos de seleção".
E no Benfica, qual foi o melhor e o pior momento? "No Benfica para mim, embora não tenha ganho títulos, foi tudo maravilhoso. Desde que cheguei aos 18 até sair agora com 37, os 5 anos foram inesquecíveis. Porquê? Porque sempre me senti em casa. É difícil explicar por palavras o que se sente, os dois lugares onde sempre me senti muito confortável é em Rosário e em Lisboa. São duas cidades muito parecidas, são pequenas, onde é fácil nos movimentarmos e as pessoa são muito parecidas em termos de carinho. É difícil escolher mais momentos. quando não se ganha em campo as pessoas continuar a olhar para ti como um ídolo, uma lenda, e isso deixa-te feliz".
Que significam estas pessoas (mostram vídeo da família) para si? (Chora) São as pessoas que sempre estiveram lá. Esse vídeo é de cá, elas viajam sempre comigo, nunca me deixam só. São as pessoas que estiveram sempre lá. Tudo o que ganhei, tudo o que tenho e o que fiz na minha carreira é graças ao apoio da minha família, da minha mulher e das minhas duas filhas. No final é algo bonito. Tenho-as cá comigo, continuam a torcer pelo Benfica como no primeiro dia, são tudo para mim.
O melhor campeonato onde jogou? "Difícil de dizer. Cada um tem as suas características... Tive a oportunidade de participar em todos os melhores campeonatos da Europa. Isso deixa-me tranquilo e feliz".
Já pensou como será um dia regressar ao Estádio da Luz? "Não. Mas no dia que voltar serei recebido como das outras vezes, aos 18 e aos 35. Com o mesmo carinho, vejo nas redes sociais, até mesmo depois de termos perdido tudo no supermercado as pessoas diziam-me que não havia problema, agradeciam-me por ter voltado. Seguramente esse carinho não vai desaparecer".
Que significa para si o Benfica? "Amor puro. É um amor que senti desde o primeiro dia em que cheguei, com quase 18 anos, e agora que vou, com 37. Senti sempre o Benfica como a minha casa, como meu lugar no Mundo e vivi isso este ano com as minhas filhas este ano. Elas sentiram-se bem em Lisboa, estavam mais do que felizes em Lisboa. Choraram quando decidimos partir, embora também estivessem entusiasmadas por ir para Rosário. Mas isso deixa-me tranquilo, saber que não só os meus pais e as minhas irmãs, mas também as minhas filhas e a minha mulher foram felizes em Lisboa. O Benfica para mim é amor puro".