O futebol, como sabemos, está longe de ser uma ciência exata. Apesar dos números, convém lembrar, serem um fator determinante nos dias que correm. Seja para escolher jogadores, na análise aos adversários, enfim, nenhuma equipa vive sem eles. Dizem os especialistas nesta área da numeração que uma qualquer conquista no desporto depende de 50% de inspiração e criatividade enquanto os outros 50% estão entregues à disciplina, trabalho árduo e determinação. As duas ‘pernas’ devem caminhar juntas para uma equipa (e exibição…) serem perfeitas.
Em Moreira de Cónegos tudo esteve longe da perfeição. Porque nas percentagens atrás referidas, olhando para o jogo, a totalidade, os 100 por cento, das duas equipas, estiveram na entrega e trabalho das equipas. Idênticas em quase tudo. Ambas, curiosamente, já retiraram pontos a um grande esta época, no caso o Benfica, a utilizarem os mesmos sistemas (4x2x3x1), 22 jogadores que se encaixaram em todos os duelos. Com destaque, porém, para o centro do terreno onde Alanzinho, Gustavo Sá, Youssouf ou Ismael, as peças que poderiam fazer a diferença, a terem de embater de frente uns com os outros. E a anularem toda a magia, criatividade e imprevisibilidade que poderiam dar a um jogo muito musculado.
Com um meio-campo muito povoado, algo atabalhoado na construção, restavam as alas onde, aqui ou ali, surgiam uma nesga para ferir o adversário e desatar um nó muito preso pela consistência defensiva das equipas. E os (raros) momentos de emoção foram passando por aí. Alguma magia de Sorriso e Rochinha, a sobreporem-se a Madson e Gabrielzinho, bem mais apagados. Com Aranda a vestir o fato de avançado de referência, um jogador mais móvel e dinâmico, foi o Famalicão que ganhou quase sempre na posse, no domínio territorial, na organização ofensiva, mas sem conseguir criar ocasiões de perigo, salvo algumas ameaças de remates de longe distância. No Moreirense, por sua vez, uma maior consistência e solidez entre os setores, uma equipa muito forte nas transições, mas, lá está, tudo longe da baliza de Zlobin.
Na segunda parte, uma história que não se alterou muito. Um jogo pouco vertiginoso, de pouca fluidez, mas, ainda assim, com mais oportunidades (finalmente…) de golo. O Moreirense até entrou melhor, com Alanzinho, sempre em ação, a rematar muito forte fora da área, a proporcionar uma das defesas da noite a Zlobin, aos 54’. Mas, no que se refere ao Moreirense ficamos por aí. O Famalicão acordou e a partir daqui conseguiu soltar-se das rédeas do cónegos como até então não tinha acontecido. Mario González e Van der Looi entraram e deram uma maior acutilância no último terço (já com algum desgaste do Moreirense) e até conseguiram construir um lance onde se festejou. Um golo que haveria de ser invalidado, por alegada obstrução de Mihaj sobre Ismael, onde ficaram muitas dúvidas. Esta, aliás, foi a segunda vez em que o Famalicão festejou (Sorriso também tinha marcado na primeira parte mas lance foi invalidado por fora de jogo).
O jogo haveria de terminar, pouco depois, e nenhuma equipa saiu satisfeita. Um empate penalizador entre duas equipas que trabalharam muito. O Famalicão, vá lá, um pouco mais. Mas nem sempre bem… Assim como o Moreirense.