![Farense, saída de bola dos centrais, Samu e «equipa inteligente»: tudo o que disse Martín Anselmi](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
— O Farense não está muito bem no campeonato e precisa de pontos, mas é uma equipa que se reforçou... O que nos pode dizer sobre isso?
— No futebol, não só em Portugal, já não existem jogos fáceis nem adversários fáceis. O futebol está mais equilibrado, cada vez é mais difícil ganhar. Acredito que, apesar da posição na tabela, são uma equipa que domina a transição, a bola parada, sabem quando pressionar. Acredito que não sejam um rival fácil, muito pelo contrário. Têm jogadores importantes e acredito que a tabela não reflete a realidade do Farense.
— Os seus jogadores têm falado da energia que trouxe. Essa energia já começa a depender de vitórias? Este jogo é para vencer ou vencer?
— Sim. No final de contas, há todo um contexto, situações diferentes. Há um corpo técnico que chegou agora ao clube, numa temporada já avançada, com competições europeias a decorrer, jogos importantes na Liga. O FC Porto está sempre obrigado a ganhar. E ser um profissional ou um desportista de elite é isso. Quando estamos num lugar incómodo, temos de tentar ficar cómodos dentro desse incómodo. É do lugar em que estamos, caso contrário não podemos estar no FC Porto. Mas este ruído... O foco está no plano para o jogo, em ganhar, pensar que é determinante ganhar.
— Chegou e impôs logo o seu modelo de jogo, mas a ideia que fica é que nenhum dos centrais do FC Porto se sente confortável a sair com a bola jogável... Concorda com esta análise?
— Não concordo! O trabalho é mais profundo do que isso. A Roma a pressionar homem a homem, onde tens de sair dessa pressão de uma forma, não é o mesmo da pressão do Sporting. Já jogámos com bolas longas que não resultaram em nada e com bolas longas que terminaram com o Rodrigo Mora na cara do golo. E é isto, é preciso analisar o jogo. Perceber onde está a vantagem tendo em conta o rival. Umas vezes há que atrair o rival e jogar longo, e noutras é preciso o jogo fluir mais e arranjar superioridade numérica. É preciso encontrar qual a vantagem para cada situação. Sair a jogar, passar a bola, ser pragmático é etiqueta. Eu quero é fazer golos. Nós tentamos fazer isso ao encontrar vantagens. E nem todos os jogos são iguais. Há jogos onde é preciso jogar largo, outros em que não. Se o adversário tem muita gente no meio-campo defensivo, vamos jogar largo? Mas se o rival vem pressionar alto, onde jogo? Jogo longo. Há maiores probabilidades [de sucesso]. É preciso entender os momentos do jogo. E depois há o desgaste, as mudanças do treinador... Tem a ver com construir uma equipa inteligente. Essa é a palavra. Uma equipa inteligente e que entenda os momentos do jogo. E é para isso que trabalhamos, dar ferramentas para os jogadores conseguirem definir de forma inteligente.
— Ao fim de três semanas, que análise faz ao plantel? Samu está sem marcar desde o ano passado, há sete jogos. Sente-o ansioso?
— Entendo que os avançados se alimentam de golos, todos eles. Todos querem fazer golos. Ainda assim, acredito que estar ansioso está diretamente ligado aos golos. Às vezes é preciso um segundo a mais, outros a menos. Estarmos ansiosos não nos permite pensar no que necessita cada ação. A mim não me preocupa isso. Preocupa-me que a equipa não crie situações de golo. Porque aí sim, seria um problema. Sei que os avançados passam por estes momentos quando não marcam, mas quando o fazem... Há um equilíbrio. O Samu tem de estar tranquilo, saber que está a trabalhar pela equipa, para que a equipa finalize. E isso é o mais importante. Pode dar de peito para o Rodrigo Mora, como apareceu no último jogo. Estar ansioso deixa-o mais longe de fazer golos. Claro que fazemos trabalho individual com todos os avançados, gostamos de dar ênfase a isso. Em relação ao plantel, acho que uma análise ao plantel se faz no final da época ou durante o mercado. Estamos a descobrir o que cada jogador pode dar em cada posição, onde se sentem mais confortáveis. E acho que três semanas é pouco para isso.
— Tem insistido em várias mensagens: que é preciso competir, que encontrou um grupo disposto a aprender. Esta série de jogos sem ganhar tem reflexos a nível mental nos jogadores? Sente que, neste jogo, é preciso puxar pelo orgulho deles?
— Não conheço um único futebolista ou treinador que não jogue para ganhar. E a quem não doa não ganhar. Não tem a ver com o orgulho de ninguém. Eles são os que mais querem ganhar. Não podemos colocar o foco aí. Isso é a vossa parte, está do vosso lado. Nós não pensamos nisso, pensamos no trabalho. Trabalhar para ganhar. E direi isso até ao último dia. Se não ganhássemos há 15 anos... Falar desse tipo de situações é gastar energia em coisas que não controlamos. Esses cinco jogos [sem ganhar] já passaram. Agora é o Farense. Nesses jogos sem ganhar, quantos são empates? Três? Se agora houver uma vitória, passamos de quatro sem ganhar, a quatro sem perder... num segundo.
— Grujic e Martim Fernandes são as únicas baixas? Podemos esperar a estreia de Tomás Pérez?
— Sim, Grujic e Martim são as únicas baixas. Tomás? Nem os jogadores sabem o onze. Prefiro não dizer.