Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, de 82 anos, trabalhou mais de 40 anos como médico do Bayern Munique.

Em quase meio século no clube, ao lado de treinadores famosos, Müller-Wohlfahrt viveu também dois momentos muito desagradáveis. O pior foi o conflito que teve em 2015, com Pep Guardiola.

Após uma derrota do Bayern frente ao FC Porto (1-3), o treinador espanhol dirigiu-se ao médico, à frente de toda a equipa, responsabilizando-o pelas inúmeras lesões na equipa.

«O terrível escândalo no Porto abalou-me profundamente. Esperava apoio da direção do clube, tendo em conta os meus serviços prestados. A acusação de Guardiola foi que eu era o culpado pela derrota. Isso é absurdo! Não podia aceitar e no dia seguinte demiti-me», contou Wohlfahrt ao diário Merkur, de Munique.

O Bayern acabou por vencer a segunda mão, por 6-1, e passou às meias-finais da UEFA Champions League, eliminatória em que foi eliminado pelo Barcelona, que se sagrou depois campeão europeu.

Esteve para suceder o mesmo com Klinsmann

Nem o presidente Uli Hoeness, na altura apenas coordenador na formação, após a pena de prisão por evasão fiscal, pôde ajudar o médico, tal como acontecera em 2008-2009, quando Jurgen Klinsmann era o treinador dos bávaros.

«Com Klinsmann estive prestes a desistir, mas Uli Hoeness disse-me: "Nem pensar! Dá um passo atrás por um tempo, mas fica connosco"», revelou o médico, que durante muitos anos trabalhou também na seleção alemã.

«As desilusões humanas afetaram-me profundamente»

Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt retirou-se do Bayern em julho de 2020, e agora dedica-se apenas à sua clínica, no centro de Munique: «As desilusões humanas afetaram-me profundamente. Decidi renunciar ao meu cargo de médico do clube. O clube fez parte da minha vida durante muitas décadas. Identifiquei-me com o clube e interiorizei o lema Mia san Mia.», acrescentou o médico, que não teve direito a homenagem na despedida. «Só o clube pode dar a resposta sobre isso», referiu Muller-Wohlfahrt.