Agarrado à coxa direita, Carlos Alcaraz chamou o fisioterapeuta, em plena final do torneio de Barcelona. Uma final, frente a Holger Rune, que até tinha começado bem, com o espanhol aparentemente a querer estender à capital catalã o ténis de alto nível que havia jogado na semana anterior em Monte Carlo, juntando mais um Masters 1000, o sexto, à sua lista de sucessos.

Mas o corpo de Alcaraz, mais uma vez, deu-lhe um sinal. Era o 10.º encontro em 12 dias e o físico não aguentou. Perdida a final para Rune, o espanhol ainda viajou para Madrid, mas nunca chegou a ser visto nos courts de treino da Caja Magica. Na quinta-feira, confirmou que não estará no maior torneio do seu país e uma das principais antecâmaras para Roland-Garros.

“Não consegui treinar durante toda a semana, preciso de ouvir o meu corpo e tomar a decisão mais correta”, sublinhou o número 3 mundial perante os jornalistas, revelando que, além da lesão no adutor direito, testes revelaram já em Madrid um problema na perna esquerda. E, por isso, a única opção é mesmo parar. “Fiz tudo o possível para jogar, mas não consegui melhorar”, lamentou o prodígio espanhol, que esperava estrear-se em Madrid na jornada de sábado.

Trata-se, portanto, de mais uma temporada de terra batida acidentada para Alcaraz. Há um ano, um problema muscular no antebraço direito obrigou-o a desistir de Monte Carlo (que também tinha falhado em 2023) e Barcelona. Ainda tentou jogar Madrid, mas fê-lo sempre em dificuldades, caindo nos quartos de final frente a Andrey Rublev. Na semana seguinte já não esteve em Roma. Aos 21 anos, Alcaraz já conta com uma larga lista de lesões, uma delas, no início de 2023, obrigou-o mesmo a falhar o Open da Austrália no início da temporada. E por isso não está disposto a arriscar.

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Alcaraz espera agora que em 2025 o desfecho seja o mesmo de 2024, em que depois de tantos percalços chegou a Paris e ganhou Roland-Garros pela primeira vez. O murciano, vencedor de quatro torneios do Grand Slam, acredita que estará bem na catedral da terra batida. E jogar em Roma, daqui a uma semana e meia, também não está totalmente descartado - o torneio marca o regresso de Jannik Sinner, após suspensão. Ainda assim, neste momento parece improvável vê-lo no Foro Italico

“Em uma ou duas semanas devo regressar aos treinos, mas será passo a passo. Não quero pensar demasiado à frente, mas espero estar pronto para Roland-Garros”, explicou, frisando que tem de pensar em si próprio e tomar “boas decisões” para a sua saúde.

Ainda assim, não é sem tristeza que Alcaraz se vê mais uma vez incapaz de jogar no seu país, num calendário de terra batida absolutamente espremido até à apoteose de Roland-Garros. “Adoro jogar em frente aos meus compatriotas, família, amigos. Eles não podem viajar tanto assim, por isso este é um sítio especial para mim”, lamentou, numa semana em que também tem promovido o seu novo documentário da Netflix.